Juiz nega haver 'tortura psicológica' contra presos da Lava Jato Moro negou que prisões ocorram para obter 'confissões involuntárias'. Magistrado respondeu pedido de informações feito pelo Supremo.
O juiz federal Sérgio Moro enviou nesta segunda-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) ofício em que nega que as prisões realizadas no âmbito da Operação Lava Jato sejam uma "tortura psicológica" aos investigados com objetivo de obter "confissões involuntárias".
O pedido de informações foi feito pelo ministro do Supremo Teori Zavascki em dezembro, na decisão em que ele revogou a prisão preventiva do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
Para a defesa de Duque, Moro, que é responsável pelo processo da Lava Jato em primeira instância, "adota medidas de cunho excepcional" para "torturar de maneira psicológica" e "extrair delações a fórceps" dos investigados.
"A alegação do impetrante de que se prende para obter confissões involuntárias, ela não corresponde à realidade. Já a equiparação da prisão à "tortura psicológica", não vislumbro sentido nela salvo se então admitido que todos os presos brasileiros sejam também considerados 'torturados psicológicos'", escreveu Moro.
O magistrado também rebateu as acusações feitas pela defesa do ex-diretor de que ele estaria "manipulando" o processo da Lava Jato para mantê-lo sobre sua competência. Segundo Moro, no caso de Duque, "a competência dependerá da apresentação da denúncia" pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-diretor. Ao todo, o MPF já apresentou 39 denúncias contra investigados na Lava Jato, todas aceitas pela Justiça.
Renato Duque foi apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, como participante do esquema de desvio de dinheiro e de distribuição de propinas na estatal. Segundo os delatores, a Diretoria de Serviços cobrava propinas de até 3% sobre o valor total de uma obra, recursos supostamente repassados para o PT e para operadores do esquema.
Operação Lava Jato
Deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano, a Operação Lava Jato investigou esquema de desvio de recursos públicos na Petrobras. Em razão das denúncias de superfaturamento e pagamento de propina, diversos órgãos públicos decidiram investigar a estatal – entre os quais o Ministério Público, a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Congresso Nacional.
Em 14 de novembro, quando foi deflagrada a sétima fase da Operação Lava Jato, 25 pessoas foram presas, incluindo executivos de empreiteiras que têm contrato assinado com a Petrobras e o ex-diretor da estatal Renato Duque. Em dezembro, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra 39 investigados na sétima etapa da operação.
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