Corrupção partiu de 'agentes políticos e públicos', diz Youssef Doleiro negou chefiar organização criminosa investigada pela Lava Jato. Nesta quarta, ele apresentou defesa em um dos processos da operação.
O doleiro Alberto Youssef enviou nesta quarta-feira (28) à Justiça Federal a resposta formal às denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro e desvios dentro da Petrobras. No documento, a defesa do doleiro aponta que "agentes políticos e públicos" eram os maiores responsáveis pelo esquema
Na resposta à Justiça, Youssef negou ser chefe do esquema, que segundo o MPF, teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.
De acordo com a defesa, o esquema visava a manuteção do poder de políticos "das mais variadas cataduras". Os advogados afirmaram, ainda, que a única função do doleiro na organização criminosa era a "distribuição dos valores obtidos com a corrupção".
"Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto do dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no legislativo e executivo", informaram os advogados.
Youssef também responsabilizou a gestão da Petrobras pelo "conluio" entre políticos e empreiteiras. De acordo com a defesa, a operação ocorria sem a interferência do doleiro, que, segundo os advogados, "não teria poder de interferir" dentro da estatal.
"Conforme dito por Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras], réu colaborador, ele foi colocado na diretoria de Abastecimento com as funções de atender aos pleitos dos partidos da base aliada do governo, PT, PP e PMDB , sendo certo que esses partidos dividiam os valores arrecadados pelo esquema de corrupção na base de 1% a 3%", afirmou a defesa.
Por fim, os advogados pedem a rejeição da denúncia de corrupção passiva feita pelo MPF contra Youssef. No total, o doleiro é réu em dez processos relacionados à Operação Lava Jato. No entanto, pelo acordo de delação premiada que fez com a Justiça, ele ficará no máximo cinco anos preso em regime fechado.
Em outubro do ano passado, Youssef foi absolvido pela Justiça da denúncia que respondia por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
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