PT contraria Cunha e diz que não aceita votar Orçamento Impositivo Presidente da Câmara afirmou que pretende votar o tema ainda nesta terça. PT defendeu que partido tenha voz ativa na escolha de pautas a ser votadas.
Dois dias após o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) derrotar o candidato do governo e se eleger presidente da Câmara, o PT já ensaia o primeiro embate com o peemedebista. Em reunião nesta terça-feira (3), a coordenação do partido decidiu que não aceitará a proposta de Cunha para votar nesta semana proposta do Orçamento Impositivo, que obriga o governo federal a pagar emendas parlamentares (recursos que os deputados destinam no Orçamento para projetos em seus redutos eleitorais).
Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição, a matéria precisa ser votada em dois turnos na Câmara e no Senado. A PEC foi aprovada em primeiro turno Câmara no dia 16 de dezembro e, pelo regimento, só pode ser analisada em segundo turno após transcorrerem cinco sessões ordinárias de votação.
Devido ao recesso do Legislativo de janeiro, até o momento só foi realizada uma sessão. Desse modo, a PEC só poderia ser votada na semana que vem. Para acelerar a tramitação, Eduardo Cunha propôs um acordo entre os líderes partidários para ignorar esse prazo e votar o texto entre esta terça (3) e quarta (4). No entanto, o líder do PT, deputado Vicentinho (SP), anunciou que o partido não concorda.
O deputado disse que o PMDB foi “intolerante” no último domingo (1º) ao não aceitar um acordo para que o PDT, apesar de ter perdido o prazo para a solicitação, fizesse parte de um bloco de apoio ao PT. Os pedetistas não conseguiram as assinaturas necessárias a tempo e perderam por três minutos o prazo para protocolar na Secretaria-Geral da Mesa a incorporação ao bloco.
“Eles não aceitaram três minutos para que PDT pudesse entrar na nossa aliança, o que foi uma intolerância horrível. Nós vamos, nesse caso, fazer valer o regimento. Outras vezes a gente já discutiu quebra de interstício. Vai chegar a hora certa da votação”, afirmou o deputado.
Durante a reunião, a portas fechadas, os parlamentares defenderam, conforme apurou o G1, que o partido tenha participação ativa na escolha das pautas e nas decisões políticas da Câmara, apesar de não integrar qualquer cargo na Mesa Diretora.
2015 não vai ser sopa, vai ser um ano dos piores que nós vamos passar na história do partido nesta Casa."
No esforço para atrair legendas para a formação de um bloco de apoio ao deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputava a presidência com Cunha, o PT ofereceu aos aliados todos os demais cargos na Mesa Diretora. Com a derrota de Chinaglia, a legenda, apesar de ter a maior bancada da Câmara, ficou sem cargos de direção.
A avaliação da coordenação do partido é que a situação é “muito difícil” e que o PT terá “trabalho” na gestão de Eduardo Cunha. “2015 não vai ser sopa, vai ser um ano dos piores que nós vamos passar na história do partido nesta Casa. Pensa um Boeing entrando numa nuvem pesada. Precisa de um piloto que tenha muito cuidado para tomar as suas decisões, senão, vai cair”, afirmou o futuro líder do PT, deputado Sibá Machado (PT-AC).
A reunião para oficializar ida de Sibá para a liderança foi marcada para esta quarta-feira (4). Ao mesmo tempo em que o partido encerra as negociações internas para substituir sua liderança na Câmara, a presidente Dilma Rousseff deve trocar a liderança do governo na Casa, hoje ocupada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS).
O deputado mais cotado para o cargo é José Guimarães (PT-CE). Segundo lideranças petistas, ele já teria recebido o convite de Dilma, mas o ofício com a indicação ainda não foi assinado.
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