Youssef pede que MPF denuncie ex-sócio investigado na Lava Jato Leonardo Meirelles é apontado como laranja de Alberto Youssef na Labogen. Defesa de doleiro afirma que Meirelles 'goza de vários privilégios' no processo.
A defesa do doleiro Alberto Youssef protocolou nesta quarta-feira (4) pedido para que o Ministério Público Federal denuncie o ex-sócio do laboratório Labogen Leonardo Meirelles por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade ideológica.
No documento, os advogados de Youssef afirmam que Meirelles "goza de vários privilégios, especialmente o de não ser denunciado pelo MPF" e que "figuras menores no processo [...] foram multiplamente denunciados pelo MPF, pelos mesmos fatos".
Para a defesa do doleiro, Meirelles está sendo "contemplado" com benefícios de ordem processual e penal "obtendo o beneplácito de depor somente sobre o que interessa à acusação e silenciar quando lhe convém, o que é vedado ao colaborador processual."
"Meirelles é um criminoso confesso, mentiroso e contumaz", acusam os advogados de Youssef na petição.
Meirelles é apontado como laranja do doleiro cedendo empresas, como o laboratório Labogen, para que Youssef fizesse repasses de recurso ao exterior. Em depoimento à Justiça Federal nesta terça (3), ele afirmou que o primeiro contato com o doleiro ocorreu em 2009, através de Waldomiro de Oliveira – dono da MO Consultoria, outra empresa do doleiro apontada pelo Ministério Público como sendo de fachada.
À Justiça, Leonardo Meirelles disse que os primeiros contatos para a remessa de dinheiro ocorreram justamente através de Waldomiro, até que o próprio Youssef passou a intermediar os repasses para a conta de Meirelles. “Ele me direcionava de que haveria valores a serem feitas emissões de notas fiscais, e que advinham de construtoras”, disse no depoimento.
Segundo Meirelles, ele soube que os recursos vinham de construtoras, dentre elas a Engevix, alvo da audiência realizada nesta terça, quando precisou dar explicações sobre as transferências. Em outubro de 2012, o Banco Central exigiu explicações do Banco Bradesco sobre recursos que Meirelles havia remetido ao exterior.
“Nessa época o Waldomiro forneceu uma série de contratos de prestação de serviços e eu levei ao banco como justificativa da origem dos recursos”, explicou. Meirelles disse ainda que o dinheiro era encaminhado através de contratos de importação que não ocorriam.
A defesa de Youssef também questiona no documento enviado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, a postura de Meirelles de questionar o acordo de delação premiada firmado entre o doleiro e a Justiça homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
"Não satisfeito com a proteção que desfruta, embora não se saiba a origem ou os motivos e, principalmente, qual ou quais autoridades pactuaram o acordo tácito com ele, Meirelles e seu advogado de forma insolente passaram a urdir uma campanha pela imprensa contra Alberto Youssef", dizem os advogados.
Em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", Meirelles afirmou que o patrimônio de Youssef é bem maior do que o declarado pelo doleiro à Justiça. Ao jornal, o ex-sócio de Youssef afirmou que o doleiro teria de R$ 150 milhões a 200 milhões em patrimônio, e não os cerca de R$ 50 milhões declarados no acordo de colaboração premiada.
"Se tem realmente as provas da omissão de patrimônio que as mostre, se tem provas de má-fé de Alberto Youssef que entregue ao MPF. Mas seu próprio advogado já disse: 'Não tem provas referentes à acusação'", alega a defesa de Youssef no pedido.
"Sua intenção é tumultuar a investigação, criar factóides e explorar o clamor popular para desacreditar a investigação. [...] A conduta de Meirelles é relevante para o processo na medida que acusa publicamente sem provas, tumultua a instrução", concluem os advogados do doleiro.
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