Defesa de Duque admite encontros entre ex-diretor da Petrobras e Vaccari
O advogado Alexandre Lopes, que representa judicialmente o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, descartou nesta quinta-feira (19) qualquer possibilidade de seu cliente firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena, como fizeram o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff.
O advogado também admitiu que Duque já se encontrou algumas vezes com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, mas negou que os dois tenham cometido “algo escuso”. Lopes acompanhou depoimento de Duque à CPI da Petrobras e recomendou que seu cliente não respondesse a perguntas. O ex-diretor se manteve calado durante a maior parte da sessão, mas rompeu o silêncio quando foi perguntado sobre a mulher o filho.
“Em todas as conversas que tive com Renato Duque, ele nega os fatos, refuta acusações e diz: ‘Eu não tenho o que delatar e quem delatar’. Não há possibilidade alguma [de firmar delação premiada]. Ele não tem o que delatar e não tem quem delatar”, disse o advogado. Lopes afirmou ainda ser pessoalmente contra o instituto da delação, quando o suspeito colabora com a Justiça em troca de redução da pena.
“Eu, advogado, e meus colegas que compõem a defesa, somos radicalmente contra a delação premiada. Por mais que eu possa ser execrado, como fui um pouco hoje, acho isso uma indecência, acho o que há de pior em relação ao ser humano. Não vou dar base legal ao caguetagem. Há colegas que fazem isso, eu lamento profundamente. Acho que isso não é advocacia. Eu jamais faria.”
Questionado por jornalistas se Duque já teve encontros com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o advogado admitiu que sim, mas negou irregularidades.
“Ele deu um depoimento na Polícia Federal e confirmou os encontros. Disse à Polícia Federal que conheceu Vaccari depois que virou diretor, em questões institucionais, encontros em eventos. Depois gostou da companhia. Mas nada ilícito, nada escuso. Isso não é suficiente para levar alguém a um processo penal, levar alguém para uma prisão preventiva.”
Conforme as delações premiadas de Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff, parte dos recursos de contratos firmados no âmbito da diretoria comandada por Renato Duque eram desviados para o caixa do PT. O dinheiro seria repassado ao tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
O advogado também justificou o fato de ter recomendado silêncio a Duque na CPI da Petrobras dizendo que o ambiente da comissão não tem nem a “tranquilidade” nem o “equilíbrio” necessários para colher um depoimento. Ele ponderou ainda que, na CPI, “há mais uma guerra política do que a busca pela verdade”.
“Eu não vou antecipar o interrogatório dele num ambiente político absolutamente conturbado. O que se vê aqui na CPI é uma guerra em andamento, um caos político instaurado”, disse.
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