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Nacional
Sexta - 20 de Março de 2015 às 07:14

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A Polícia Civil concluiu nesta semana que não há provas contra três estudantes apontados pela reitoria da PUC Pontíficia Universidade de São Paulo (PUC-SP) como traficantes de drogas no campus de Perdizes.


O arquivamento do inquérito contra esses estudantes é uma das exigências dos cerca de 50 alunos que ocuparam a reitoria na noite de terça-feira (17). Eles também pedem redução das mensalidades e dos preços dos alimentos nos restaurantes da universidade. A Justiça pediu a reintegração de posse da reitoria nesta quinta-feira (19).

"O inquérito foi concluído e relatado nesta terça-feira e encaminhado para apreciação do Ministério Público no Fórum Criminal de Justiça da Barra Funda", disse o delegado Lupércio Dimov, titular do 23 Distrito Policial, em Perdizes. O MP poderá pedir à Justiça o arquivamento do inquérito, por falta de provas, ou requisitar à polícia novas investigações sobre o caso.

Segundo a universidade, a reitoria recebeu uma cópia de um convite divulgado em redes sociais de uma festa marcada para setembro do ano passado no campus de Perdizes. O convite supostamente fazia apologia ao uso de drogas e de bebida alcoólica no evento e, por isso, comunicou a Polícia Civil sobre o assunto.

De acordo com o delegado, a investigação não encontrou elementos para incriminar o trio por tráfico de entorpecentes durante uma festa ocorrida em setembro do ano passado. "A reitoria fez um pedido protocolar a delegacia, dando os nomes desses três, informando que havia a suspeita deles traficarem drogas", disse Dimov.

"Mas a única coisa que confirmamos é que eles e outras pessoas pularam um muro para fazer a festa sem autorização da PUC", completou.

Durante as investigações, os três alunos negaram em depoimento à polícia o comércio de entorpecentes no campus. Um chefe da segurança da PUC também foi ouvido e não confirmou o consumo de drogas no local. Um morador de um prédio vizinho falou à polícia que tinha visto uso de bebidas, mas não de entorpecentes. "Além das testemunhas não terem reconhecido o trio como traficante, imagens do circuito de segurança não mostram os três e nem venda ou consumo de drogas", disse o delegado.

Um dos estudantes investigados, Cauê Seignemartin Ameni disse que as acusações são falsas e que houve perseguição política por parte da instituição. Ele negou que o grupo tenha feito apologia às drogas. Ameni afirmou ainda que a PUC-SP "misturou as coisas" ao citar como estopim para a invasão a proibição de festas e a investigação dos alunos. "A gente não tem nada a ver com ocupação", defendeu. Ele concluiu o curso de Ciências Sociais em 2014.

Cauê Ameni afirmou que, após a confirmação do arquivamento, o grupo tomará as medidas cabíveis. O aluno do curso de relações internacionais Akira Pinto Medeiros e a estudante de ciências sociais Aline Mandeli também foram considerados suspeitos pela PUC-SP. Eles gravaram um vídeo na noite da invasão para usarem como prova de que estavam reunidos no Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) e que não participavam do ato.

Ao G1, Medeiros também negou que tenha feito qualquer apologia às drogas e que aguarda o arquivamento para definir quais providências serão tomadas. A aluna Aline Mandeli relatou ter crises de ansiedade constantes após o ocorrido que a atrapalham a dar continuidade no curso. "Fora as acusações caluniosas, é um investimento de vida que fazemos para pagar a faculdade e não sei se vou conseguir terminar o curso porque não consigo ir às aulas", disse.

Festas
Nesta quarta-feira (18), a PUC disse que o “estopim” para a ocupação da reitoria por estudantes foi o trabalho contra “a realização de festas e consumo de substâncias ilícitas dentro do campus".

"A invasão da reitoria é ilegal, é inapropriada, porque é uma invasão de domicílio. Entendemos que o estopim da invasão ocorra do trabalho duro da reitoria de impedir festas e da presença de alunos no interior da universidade após o seu horário de funcionamento", diz Jarbas Vargas Nascimento, pró-reitor de cultura e relações comunitária da PUC-SP.

Um estudante que participou da ocupação disse que o argumento sobre as festas é "falacioso". “Essa acusação visa desacreditar o movimento. Nós lutamos pela melhoria na qualidade do ensino e por melhores condições de trabalho aos professores e funcionários”, afirmou ao G1, com a condição de que seu nome fosse preservado.

Segundo os alunos, os motivos da ocupação são o aumento dos preços do restaurante universitário - que subiu de R$ 5,60 para R$ 10,34, de acordo com os manifestantes - e o reajuste das mensalidades, além do número reduzido de bolsas de estudo. Eles disseram também que querem uma audiência com a reitora, Anna Cintra.

Em um manifesto divulgado pelos estudantes, eles pedem ainda creche para os filhos de estudantes, professores e funcionários; reabertura de turmas nos cursos de filosofia, geografia, serviço social, história e ciências sociais.

Em fevereiro, a universidade publicou um ato sobre a proibição das festas, mas os eventos nunca foram permitidos, segundo a direção da PUC, principalmente no período após o fechamento do campus e com consumo de bebida alcoólica.

A PUC-SP diz que as festas no campus têm provocado muitas reclamações de vizinhos. A universidade recebeu três multas de R$ 35 mil por excesso de barulho. "Essa atitude de festas e barulho ocasionou problemas na comunidade, atrapalhando o andamento das aulas, e trouxe dificuldades em relação aos vizinhos, que têm reclamado muito do barulho que tem ocorrido dentro da universidade", diz o pró-reitor.

Reivindicações dos alunos
Uma das reivindicações dos alunos é a "reabertura de turmas nos cursos de filosofia, geografia, serviço social, história e ciências sociais". A PUC-SP diz que é necessário um número mínimo de alunos para manter as turmas. "A universidade gostaria de manter todos os cursos, mas é preciso ter um número mínimo de 20 alunos", explicou o assessor institucional da PUC-SP, Claudio Junqueira.

A universidade diz que as mensalidades foram reajustadas em 10%, “acompanhando a margem das instituições privadas de ensino”. A PUC-SP nega o aumento do preço no restaurante e afirma que concedeu bolsas de alimentação de 100% para alunos do Prouni e que ainda há subsídio de 50% para estudantes com necessidade socioeconômica.

Os alunos também reclamam de “demissões sumárias de professores e funcionários”. Em relação a isso, a universidade afirma que “rescindiu, no final de 2014, o contrato de trabalho com 50 professores(as), cerca de 3% do seu total.” Além disso, 40 funcionários deixaram a instituição no início de 2015, ou 2,5% do quadro administrativo, ainda de acordo com a PUC.





Fonte: G1

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