Levy diz que quer abrir capital da parte de seguros da Caixa
A Caixa Econômica Federal propriamente dita continuará 100% pública, mas a sua parte de seguros da instituição financeira terá o seu capital aberto, por meio do lançamento de ações na Bolsa de Valores, anunciaram nesta quarta-feira (8) o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a presidente da Caixa, Miriam Belchior.
De acordo com o ministro Levy, não está sendo mais analisada a possibilidade de abrir o capital da Caixa Econômica Federal, que continuará sendo 100% do governo federal.
A informação de que a Caixa Econômica Federal teria o seu capital aberto foi dada no fim do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, durante café da manhã com jornalistas. Na ocasião, ela afirmou que o governo federal abriria o capital da instituição financeira. Após confirmar que abriria o capital da empresa, Dilma ressaltou que o processo iria “demorar”.
"Mas, na atividade de seguros, temos a intenção de fazer uma abertura de capital. Aproveitar a vitalidade do nosso mercado de capitais, como já foi feito com o BB seguridade e se mostrou um grande sucesso. Se aumenta a governança, a transparência e abre oportunidade das pessoas investirem. É muito importante para as pessoas terem sua poupança de longo prazo", declarou o ministro da Fazenda a jornalistas.
De acordo com ele, o governo ainda tem de avaliar a intenção de fazer a oferta pública. Mas acrescentou: "Queremos fazer e, se pudermos, ainda neste ano. Acho que seria a ideia. Temos de ver prazos, condições de mercado, mas a intenção está estabelecida"
Impacto nas contas públicas
Joaquim Levy afirmou que não há estimativa de impacto fiscal com a abertura de capital da Caixa Seguradora. Segundo ele, a receita com a venda destes ativos, por parte do governo federal, não geram superávit primário de forma direta, ou seja, não entram na economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda.
Entretanto, ele confirmou que, se há "repercussões, é como qualquer outro caso". Com a abertura de capital da Caixa Seguros, a Caixa Econômica Federal aumentará o seu lucro e isso, respectivamente, pode gerar um pagamento maior de dividendos para o seu único acionista - o governo federal.
Para reequilibrar as contas públicas, o governo anunciou, neste ano, uma série de medidas, como aumento de tributos para carros, combustíveis, empréstimos e cosméticos, entre outros, além da limitação de benefícios sociais, como seguro-desemprego e abono salarial. Para 2015, a meta de superávit primário é de 1,2% do PIB, ou R$ 66,3 bilhões, para todo o setor público.
BB Seguridade
No caso da BB Seguridade, citada como exemplo pelo ministro Levy, houve a movimentação R$ 11,47 bilhões em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em abril de 2013. Na época, foi a maior operação do gênero de uma empresa do país desde os cerca de R$ 14 bilhões do Santander Brasil, em outubro de 2009. Foram vendidos 675 milhões de ações, equivalentes à soma do lote inicial de 500 milhões de ações, montante que poderia ser acrescido de 175 milhões de papéis, incluindo os lotes extras.
Segundo a presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, a instituição financeira avaliará como o BB Seguridade abriu o capital e ouvirá alguns bancos de desenvolvimento para discutir como o processo poderia ser viabilizado. Na avaliação de Miriam, os seguros do Banco do Brasil tiveram “êxito” em sua oferta pública.
“A Caixa tem enorme capilaridade, é o terceiro maior banco em atividade no país, aumentou sua capilaridade em agências próprias, bancos, lotéricas e um espaço muito próximo dos interessados em fazer seguros no país. Portanto, acho que temos um potencial de nos posicionar bem também neste setor”, afirmou Belchior a jornalistas.
Ampliar acesso aos seguros
O ministro Joaquim Levy afirmou ainda que o Brasil está “se transformado” na oferta de seguros. Segundo ele, o governo apoia medidas de educação financeira em razão de o nível de renda ter crescido nos últimos anos e de as oportunidades terem surgido para a população.
“A gente está podendo ampliar o acesso a produtos e seguros, e isso tem um efeito na qualidade de vida enorme. [...] A gente tem que aproveitar isso para não ter só o instrumento de poupança, de criação de riquezas na Caixa, mas pelo impacto positivo que isso terá na vida das pessoas”, concluiu ele.
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