Comissão proíbe Cerveró de receber indicações para cargos públicos Ex-diretor da Petrobras foi investigado e preso na Operação Lava Jato. Ele não poderá tomar posse quando certame exigir 'reputação ilibada'.
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República aprovou nesta terça-feira (28) censura ética ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, investigado e preso no ano passado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Com isso, ele fica impedido de ser indicado para cargos públicos e não poderá ser nomeado caso seja aprovado em concurso que exija "reputação ilibada"
Cerveró foi o responsável pelo relatório que serviu de base para a estatal optar pela compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, sob suspeita de superfaturamento. O processo contra ele na Comissão de Ética foi aberto em 2014, após a presidente Dilma Rousseff, presidente do Conselho de Administração da Petrobras à época da compra da refinaria de Pasadena, apontar que o relatório elaborado pela área internacional da estatal era "falho".
“Foram analisadas aproximadamente 25 demandas [na reunião desta terça], dentre elas o processo relacionado ao ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, no que se refere à aquisição da refinaria de Pasadena. A decisão do colegiado foi unânime pela aplicação da censura ética”, informou a comissão em nota.
Para o presidente do grupo, Américo Lacombe, a decisão “manchará o currículo” de Cerveró. “É uma mancha, vocês [jornalistas] não tenham a menor dúvida. É uma mancha no currículo. Eu não sei como vai ser para ele, mas isso dura a vida toda”, disse Lacombe.
Em audiência na Câmara dos Deputados em abril do ano passado, Cerveró comentou o relatório da área internacional sobre a refinaria de Pasadena e afirmou não ter tido "intenção de enganar" o conselho de administração da estatal em 2006. À época, o documento não citou cláusulas importantes sobre a compra do empreendimento.
No relatório apresentado nesta terça à comissão de ética, o conselheiro Marcello Alencar de Araújo argumentou que Cerveró participou de todas as etapas da negociação sobre a compra da refinaria e, conhecendo “pormenores” dos contratos, deveria ter informado a Petrobras sobre os “riscos” do negócio.
“Não se pode admitir que o diretor internacional da Petrobras não entenda relevante noticiar aos membros do seu Conselho de Administração a existência das cláusulas […]”, disse o relator em seu voto.
“[Cerveró] não atuou com transparência e lealdade à Petrobras ao deixar de informar fatos relevantes ao seu Conselho de Administração, permitindo o exame mais completo sobre a decisão de aquisição da Refinaria de Pasadena”, completou o conselheiro. Segundo a comissão, o relatório foi aprovado com unanimidade.
Documento da Secom
Na reunião desta terça, a Comissão de Ética também decidiu pedir esclarecimentos à Secretaria de Comunicação Social em razão de documento que teria sido elaborado pela pasta à época em que Thomas Traumann chefiava a secretaria e apontava “caos político” e “comunicação errática” do governo.
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