Lula vetou recursos para MT instalar usina de fabricar etanol de milho
O senador Blairo Maggi (PR) disse, nesta quinta-feira (14), durante o II Fórum Brasileiro de Etanol de Cereais, realizado na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que o ex-presidente Lula (PT) não liberou recursos para construção de uma usina para produzir etanol de milho em Lucas do Rio Verde (335 km de Cuiabá), conforme solicitara, na época, o ex-prefeito Marino Franz (PDT).
O senador discursou sobre políticas de incentivo para a produção do biocombustível e trouxe o ‘veto’ de Lula ao conhecimento de todos, lembrando que o ex-presidente temia a concorrência do biocombustível a partir do milho com a produção de alimentos.
“Quando Lula ainda era presidente, recebi o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz, que estava na luta para conseguir recursos para a construção de uma usina. Seria exclusiva para o aproveitamento de milho. Tentamos junto ao governo, mas não deu para convencer o presidente de que o projeto não competiria com a produção de alimento”, contou ao afirmar que hoje o ambiente é outro.
Segundo Blairo, atualmente Mato Grosso tem capacidade para assumir papel estratégico na produção e fornecimento de etanol feito a partir do milho, mas falta, por parte do Governo Federal, incentivos e políticas públicas para que isso aconteça.
Em consonância com Maggi, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), André Nassar, comentou que não vê “mais sentido nesse argumento” [de concorrência entre produção de alimentos e biocombustíveis]. Para ele, a questão está em estudar a viabilidade econômica da proposta. “Nos Estados Unidos, o custo da energia é a metade daqui. Para o Mapa, politicamente é possível. Mas é preciso avaliar economicamente. Temos que fazer o milho virar um produto viável”, ponderou Nassar.
Blairo Maggi ainda teceu comentário de que os norte-americanos, muito sabiamente, fizeram o que o Brasil deveria fazer. “Levaram as indústrias para dentro da zona de produção, e por isso conquistaram um rápido crescimento no setor”.
Glauber Silveira, conselheiro consultivo da Associação dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja), lembrou que a viabilidade da proposta não está mais em discussão, uma vez que isso já foi comprovado. Em Mato Grosso, os produtores estão aproveitando as usinas de cana-de-açúcar para a produção do etanol.
Mas, Silveira apontou disparidades no mercado brasileiro, que exporta hoje cerca de 20 milhões de toneladas de milho. A primeira delas está no custo do etanol na bomba. O biocombustível sai da usina ao custo de R$ 1,20, mas é repassado ao consumidor a R$ 2,40, chegando a R$ 2,80 em Brasília. Outro ponto está na política de mercado do país, que importa gasolina e exporta a matéria prima do etanol. “Estamos importando gasolina e exportando milho? O etanol de milho é um grande potencial brasileiro”, apontou Glauber.
Durante o evento, o senador Blairo Maggi garantiu ao grupo que o Congresso Nacional não se furtará ao debate. Mas o avanço do tema depende, em grande parte, do setor produtivo. “O segmento precisa saber o que ele quer, como ele quer e aonde quer chegar. Sempre fui um entusiasta e acho que esse é um caminho para uma atividade forte dentro do agronegócio brasileiro”, comentou.
De acordo com a Aprosoja, os estados do Norte dependem do combustível produzido no Sudeste. Mato Grosso, a partir de uma demanda constante e continuada, tem potencial para ‘redesenhar’ a cadeia de suprimentos de biocombustíveis no Centro-Norte do Brasil. Em 2013, o Estado consumiu 587 milhões de litros de gasolina e o fornecimento foi via São Paulo.
Nos últimos 10 anos, a produção de milho em Mato Grosso saiu de 3,4 milhões para 21 milhões de toneladas. Hoje, a área de cultivo do grão é de três milhões de hectares, e deve chegar a 5,7 milhões em 2023. Até lá, os mato-grossenses responderão por 63% da produção do Centro-Oeste. Em todo o Brasil, a produção de milho chega a 80 milhões de toneladas, numa área cultivada de mais de 15 milhões de hectares.
A informação é da assessoria.
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