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Internacional
Quinta - 18 de Junho de 2015 às 09:03

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A polícia americana lançou uma intensa caçada nesta quinta-feira ao homem branco suspeito de matar nove pessoas em uma igreja de comunidade negra no centro de Charleston, na Carolina do Sul, num ato descrito pelas autoridades como um crime de ódio. O pastor do templo, o senador estadual Clementa Pinckney, e sua irmã estão entre os mortos. Seis mulheres e três homens morreram no ataque.


Os disparos aconteceram na noite de quarta-feira na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel, uma das mais antigas da comunidade negra de Charleston. A região foi isolada por volta das 21h (hora local), com várias viaturas policiais e ambulâncias. Havia uma suspeita de bomba no local do ataque, próximo ao Charleston Marriott Hotel, mas o chefe da polícia da cidade, Gregory Mullen, disse que não foram encontrados explosivos.

— Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas feridas foram levadas ao hospital e uma faleceu. No momento, temos nove vítimas fatais deste crime de ódio — afirmou Mullen. —Esta é claramente uma tragédia na cidade de Charleston.

Na manhã desta quinta-feira, a polícia divulgou imagem do suspeito e disse que ele ainda pode estar na área. O atirador seria um jovem branco, de aproximadamente 21 anos, e teria um porte atlético. Ele estaria vestindo moleton cinza, calça jeans e botas.

Além do Departamento de Polícia de Charleston, o FBI também participa das investigações. Segundo a polícia, o suspeito foi visto saindo da igreja em um carro preto de quatro portas, de acordo com as imagens reveladas pelas câmeras de segurança.

O prefeito Joseph P. Riley Jr. disse que a cidade estava oferecendo uma recompensa por informações que levem à prisão do atirador.

— Para entrar em uma igreja e atirar em alguém é um ato de puro ódio — disse o prefeito.
As autoridades municipais ainda não divulgaram informações sobre as vítimas e não disseram quantas pessoas estavam na igreja durante os disparos.

Em um comunicado, o presidente da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), Cornell William Brook, disse: "Não há maior covarde do que um criminoso que entra em uma casa de Deus e mata pessoas inocentes envolvidas em estudos bíblicos."

O crime supõe um novo golpe para a comunidade negra nos Estados Unidos, que nos últimos meses tem sido vítima de crimes aparentemente motivados pelo racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados. Foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes semelhantes cometidos em Charleston no ano passado que desencadearam tensões raciais em todo o país.

PASTOR MORTO ERA 'UM LÍDER INCANSÁVEL'

James Todd Rutherford, que foi membro da Assembleia Legislativa do Estado junto com o reverendo Pinckney, descreveu o pastor como um líder incansável, de voz potente e uma missão para cumprir.

— Ele foi chamado para o ministério quando tinha 13 anos, ordenado aos 18 anos, eleito para a Câmara aos 23 e para o Senado aos 27 — recordou Rutherford. — Ele era um homem movido pelo serviço público.

Mais cedo, testemunhas disseram à rede TV americana CNN que havia muitos corpos dentro da igreja que não foram identificados.

— Isso é terrível. É um cenário muito triste — disse um pastor.

Um homem chegou a ser preso com descrição semelhante ao do suspeito de ter realizado o ataque, mas foi liberado.
A Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel foi construída em 1891 quando membros afro-americanos da Igreja de Charleston criaram sua própria congregação e é uma das mais antigas da cidade. Todas as noites de quarta-feira há um estudo bíblico no local. O edifício neogótico é considerado uma construção historicamente significativa, de acordo com o Serviço Nacional de Parques.

Em 1822, um dos co-fundadores da igreja, Denmark Vesey, tentou fomentar uma rebelião de escravos em Charleston, diz o site da igreja. A trama foi frustrada pelas autoridades e 35 pessoas foram executadas, incluindo Vesey.

Após o ataque, um grupo de pastores se ajoelhou e orou em frente à igreja.

— A questão é: Por que Deus? — questionou um religioso durante a oração.

A governadora da Carolina do Sul, Nikki R. Haley, disse em um comunicado que ela e sua família estavam orando pelas vítimas.

"Enquanto nós ainda não sabemos todos os detalhes, sabemos que nunca vamos entender o que motiva alguém a entrar em um dos nossos locais de culto e tirar a vida do outro", lamentou a governadora.





Fonte: O Globo

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