Deputados chamam conselheiro de candidato e vêem suspeição

O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) rebateu na manhã de hoje as declarações do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Antônio Joaquim, que ontem afirmou que o parlamentar era “uma prova viva de que o TCE não poupa corruptos”. Wilson citou seu histórico político e disse que Antônio Joaquim almeja se candidatar em 2018, citando inclusive um encontro do conselheiro com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Toda confusão teve início na terça-feira com a decisão do TCE aprovar, por unanimidade, as contas de Governo do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) contrariando parecer do Ministério Público. Além disto, os conselheiros apontaram um superávit financeiro de R$ 377 milhões nas contas do Estado diferente do pregado pelo grupo do governador Pedro Taques (PDT).

O parlamentar tucano explicou que se candidatou em vários pleitos e que em nenhum deles teve as contas reprovadas. O deputado lembrou que militou por muitos anos ao lado do conselheiro destacando que inclusive cedeu o cargo ao pedir licença por um ano, em 1993, na Assembleia Legislativa.

O ex-prefeito de Cuiabá disse que se surpreendeu com o tom usado por Antônio Joaquim e também citou que confia na sua defesa no caso do rodoanel, onde teve R$ 23 milhões bloqueados pela Justiça. “Eu tive em toda minha vida pública seis contas aprovadas no TCE, inclusive com votos do conselheiro Antônio Joaquim, inclusive algumas com falas bem elogiosas. Tive dez contas de campanha aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral”, declarou.

O tucano ainda esclareceu sobre o bloqueio de seus bens e contas na ordem de R$ 23 milhões em virtude de eventuais desvios de recursos na execução da obra do Rodoanel de Cuiabá. “Sobre o Rodoanel, cujos bens pessoais meus estão bloqueados, tenho plena convicção na minha defesa. Lá estão oito quilômetros e meio prontos, que são usados por centenas de motoristas há mais de seis anos. Vamos provar que não houve prejuízo ao erário estadual ou municipal. Fui surpreendido pelo tom que ele usou mas ele não é mais honesto do que eu”, completou.

O deputado Oscar Bezerra (PSB) pediu a palavra e também disparou contra o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O parlamentar inclusive pediu a suspeição de Antônio Joaquim de qualquer julgamento relativo as contas do ex-governador Silval Barbosa.

Ele citou eventuais negócios particulares entre o conselheiro e o ex-chefe do executivo estadual."Existem alguns indícios e algumas colocações de que este conselheiro tem negócios com o ex-governador Silval Barbosa. Negócios de ordem milionária. Ou seja, se essa pessoa realmente tem qualquer tipo de ligação comercial com o ex-governador, eu acho que na minha visão, como nós temos autonomia sobre o Tribunal de Contas, fazermos um pedido de que ele seja suspeito de fazer qualquer parecer ou julgamento das contas de Barbosa", afirmou.

Wilson Santos completou sua fala, citando uma suposta mudança de comportamento do conselheiro do TCE. O tucano citou uma reunião recente de Joaquim com o vice-presidente da República, Michel Temer.

De acordo com o deputado estadual, o conselheiro estava acompanhado pelo presidente estadual do PMDB, Carlos Bezerra, tratando de uma provável filiação e candidatura para 2018. “Quero dizer ao conselheiro candidato Antônio Joaquim que a prerrogativa de um conselheiro é a mesma de um magistrado, que exige como princípio norteador a imparcialidade. Se ele amanhã estará no partido do ex-governador Silval Barbosa, isso não pode ser um preparatório. Sugiro que ele faça como Pedro Taques, que quando decidiu entrar para a política, se transferiu para São Paulo, onde ficou de 2005 a 2010 e depois pediu exoneração do cargo. Hoje o Antônio Joaquim tem muito mais postura de candidato do que de julgador de contas públicas", finalizou.