Líderes do PMDB cogitam não apoiar Michel Temer em eleição da sigla
Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), cogitam não apoiar a candidatura à reeleição do vice-presidente da República, Michel Temer, à presidência do partido, segundo apurou o G1.
O PMDB fará em março convenção nacional, que, além de eleger a nova direção partidária, discutirá a permanência da sigla no governo da presidente Dilma Rousseff – peemedebistas como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), defendem que o PMDB rompa com o Palácio do Planalto.
No PMDB, em eleições para a direção nacional, a tendência dos chamados "convencionais" (pessoas com direito a voto) nos estados é acompanhar o presidente regional.
No caso de Eunício Oliveira, ele é o presidente do PMDB no Ceará. No de Picciani, o pai dele, Jorge Picciani, é o presidente do partido no estado e os dois têm posições políticas semelhantes. Além disso, a maior parte dos deputados federais assinou, no fim do ano passado, documento pedindo a volta dele ao cargo de líder, em substituição a Leonardo Quintão (MG), o que mostrou, na ocasião, que ele tinha apoio da maioria dos parlamentares peemedebistas.
De acordo com o que apurou o G1, Eunício Oliveira tem dito a interlocutores que ainda não definiu o voto na convenção, mas prefere apoiar um colega de Senado, como Renan Calheiros (AL) ou Romero Jucá (RR).
Presidente do PMDB do Ceará e tesoureiro nacional da sigla, Eunício busca apoio para permanecer como líder em 2016 e, portanto, prefere privilegiar um colega senador na eleição nacional do partido.
Além disso, Eunício teria se sentido incomodado com a atuação da cúpula do PMDB junto à bancada do partido na Câmara para destituir Leonardo Picciani. Segundo pessoas próximas ao líder, ele avalia que Temer se “queimou” com o diretório do PMDB no Rio de Janeiro e teve sua imagem afetada em outros diretórios.
Eunício também tem avaliado que, se Renan ou Jucá forem candidatos a presidente do PMDB, além do diretório do Ceará, eles teriam “apoio certo” de diretórios como os de Alagoas, Roraima, Rio de Janeiro e Paraná.
Leonardo Picciani
No caso de Picciani, atual segundo secretário do PMDB, o G1 apurou que ele tem defendido "unidade" e "consenso", mas também tem dito que, se houver outro candidato além de Michel Temer – como Renan Calheiros, por exemplo – votará nele. Se Temer for candidato único, deverá apoiá-lo.
No fim do ano passado, Picciani foi destituído da liderança do PMDB na Câmara e atribui o fato a uma atuação direta de Temer e Eduardo Cunha.
A avaliação de Picciani seria que a eleição para presidente do partido em março poderá sofrer influência do processo para a escolha do líder o partido na Câmara – cargo pretendido por ele, que buscará ser reconduzido ao posto.
A assessoria de Temer informou que não comentará as posições dos líderes do PMDB no Senado e na Câmara.
Viagens pelo país
Nesta terça (12), o secretário-executivo do PMDB, Eliseu Padilha, informou ao G1 que Temer começará no próximo dia 28 suamaratona de viagens pelo país com o objetivo de consolidar o apoio de dirigentes estaduais do partido para a sua recondução ao comando da legenda. O primeiro estado que o vice-presidente vai visitar é o Paraná.
Segundo Padilha, a estratégia é que Temer se reúna com lideranças locais para discutir a unidade nacional do partido e o programa lançado pelo PMDB no final do ano intitulado “Uma Ponte para o Futuro”, documento com críticas ao governo Dilma e propostas econômicas. Nos encontros, também deverão tratar sobre as eleições municipais deste ano.
Sobre a possível candidatura de Renan Calheiros à presidência do PMDB, o ex-ministro da Aviação Civil avaliou ao G1 que, se o senador se candidatar, isso faz parte do processo político. Para Eliseu Padilha, um dos principais conselheiros políticos de Temer, a possível decisão de Renan “não surpreende” e “não deprecia o partido”.
Mandato
O presidente eleito do PMDB tem mandato de dois anos e dirige o partido ao lado de três vice-presidentes, três secretários e dois tesoureiros. A legenda também administra a Fundação Ulysses Guimarães, atualmente comandada pelo ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco, um dos principais aliados de Temer no partido.
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