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Segunda - 06 de Junho de 2016 às 17:12
Por: Airton Marques - Diário de Cuiabá

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Marcus Mesquita/MidiaNews
O médico e empresário Rodrigo Barbosa, que foi colocado em liberdade na última semana
O médico e empresário Rodrigo Barbosa, que foi colocado em liberdade na última semana

O médico e empresário Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), disse nesta segunda-feira (6) estar feliz por ter conseguido sua liberdade provisória, após ter pago fiança de R$ 528 mil (600 salários mínimos).

Rodrigo foi colocado em liberdade na última terça-feira (31) por decisão da Juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

“Fiquei surpreso com o recebimento da denúncia. Acredito que não é a hora de comentar o teor de denúncia. Mas estou muito feliz por estar aqui fora. Pela oportunidade que a juíza me deu em responder e buscar pelos meus direitos em liberdade”, afirmou o médico.

Mas estou muito feliz por estar aqui fora. Pela oportunidade que a juíza me deu em responder e buscar pelos meus direitos em liberdade

Rodrigo é réu na ação penal derivada da 2ª e 3ª fases da Operação Sodoma e foi preso preventivamente no dia 25 de abril.

Nesta segunda-feira, após participar de uma audiência em que a magistrada esclareceu todas as medidas cautelares determinadas a ele, o médico só não colocou tornozeleira eletrônica por conta da greve dos servidores do Estado, que fez com que a Central de Monitoramento Eletrônico, no Fórum da Capital, não funcionasse (leia aqui).

Selma autorizou que o filho do ex-governador voltasse para casa sem o equipamento, que só deve ser colocado após o fim do movimento paredista.

Além do pagamento de fiança e o uso de tornozeleira, a magistrada determinou que Rodrigo Barbosa entregasse seu passaporte ao juízo.

O filho de Silval ainda foi proibido de ter acesso ou frequência a quaisquer repartições públicas estaduais em Mato Grosso, já que as circunstâncias que se afiguram nos autos indicam que deva permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; e proibição de manter contato com os demais acusados e as testemunhas arroladas pelo MPE.

Por fim, a juíza estabeleceu que o réu terá que comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar atividades.

Surpresa

Na denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Rodrigo Barbosa é acusado de integrar suposto esquema que teria exigido propina de empresários para a concessão ou manutenção de contratos com o Estado.

O filho do ex-governador diz ter ficado surpreso com tais acusações. No entanto, não deu declarações diretas quantos as denúncias contra ele.

“É obvio que com esta denúncia contra mim, ainda mais da forma como foi feita, não posso considerar como normal. Mas vou buscar os meus direitos de defesa”, declarou.

Cela com o pai

Rodrigo Barbosa revelou que, durante o período em que esteve no Centro de Custódia da Capital, dividiu a cela com o seu pai, que está preso preventivamente desde o mês de setembro do ano passado.

O médico afirmou que o ex-governador “está firme” mesmo com tanto tempo na prisão e as denúncias que pesam contra os dois.

“Dividimos a mesma cela. Ele [Silval] esta firme. É obvio que não é uma situação em que ele gostaria de estar, mas está firme e ciente de tudo o que está acontecendo. Procurando o direito dele de defesa”, declarou.

Rodrigo ainda disse que em algumas situações, o direito de defesa de seu pai não está sendo garantido.

“Há denúncias, mas é necessário dar o direito de defesa. Muitas vezes não está sendo respeitado em sua totalidade. Ele está buscando sua defesa, dentro do que pode fazer”, completou.

A denúncia

Segundo a denúncia, Rodrgio, ao integrar suposta organização criminosa, “agiria nas sombras” e nos “bastidores do poder” para blindar e proteger a si mesmo e ao seu pai na arrecadação de propinas.

A prisão do médico teve como base a delação premiada firmada pelo ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias, com o MPE.

Na delação, Elias disse que foi Rodrigo quem o convidou a integrar o esquema. O ex-secretário ainda apontou que o filho de Silval seria o possível autor de uma invasão em seu apartamento, no dia 6 de abril, ocasião em que documentos relacionados à investigação teriam sido furtados.

Segundo a denúncia, assinada pela promotora Ana Cristina Bardusco, o grupo era dividido em várias ramificações, e cada uma delas possuía graus hierárquicos. Silval Barbosa é apontado como o líder da organização, "responsável por articular e coordenar as ações dos demais integrantes".

O grupo atuaria exigindo pagamento de propina para conceder incentivos fiscais e para manter contratos de empresas com o Governo do Estado.

Na divisão secundária figuram os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Cezar Zílio e Pedro Elias; o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Correa Araújo; o ex-procurador do Estado Chico Lima; a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; e o filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa.

“Os indícios apontam que a organização criminosa atuou de forma perene durante toda a gestão de Silval Barbosa, provocando prejuízo a toda a população mato-grossense, que até hoje arca com as consequências das ações criminosas de seus membros, frente ao sucateamento da máquina administrativa, ausência de investimento em infraestrutura, na saúde, segurança e educação pública, etc”, diz trecho da denúncia.

Já o ex-deputado José Riva foi denunciado após o depoimento do empresário Paulo Mischur, da empresa Consignum, alvo da 2ª fase da Sodoma. Mischur relatou que pagou R$ 17,6 milhões ao grupo liderado por Silval e a José Riva para manter o contrato que tinha com o Estado.

O ajuste da propina, conforme a ação, teria sido feito com a ajuda do empresário Tiago Dorileo, que também é alvo da Operação Ararath.

O grupo também teria exigido R$ 1 milhão da Zetra Soft, do empresário Fábio Drumond, para que a empresa passasse a gerenciar os empréstimos consignados dos servidores – tarefa então feita pela Consignum.

A tratativa, no entanto, acabou não sendo efetivada e o contrato – assim como as supostas propinas pagas para mantê-lo – continuou com a empresa de Mischur.

Também foi denunciado o servidor Bruno Sampaio Saldanha.

Ele teria exigido propina para fazer “vistas grossas” ao contrato do empresário Julio Tisuji, da empresa Webtech, que também confessou ter pago valores ao grupo.

Quanto ao prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães, consta na denúncia que ele ofereceu R$ 1 milhão, em 2012, ao então secretário de Administração César Zílio, para que o poder público pagasse valores a gráficas – por serviços inexistentes ou incompletos - no intuito de levantar dinheiro para pagar custos de campanha.

Entre as gráficas estavam as de propriedade dos empresários Antônio Roni de Luz e Evandro Gustavo Pontes da Silva, igualmente denunciados.





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