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Economia
Sábado - 30 de Julho de 2016 às 08:00
Por: Mariana Peres - Diário de Cuiabá

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O ano de 2016 será marcado pela retomada das exportações de carne bovina in natura do Brasil para os Estados Unidos, após 16 anos comercializando o produto de forma termoprocessada, os chamados corned beef. Conforme anúncio do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a expectativa é que os embarques se iniciem nos próximos 90 dias, após finalização dos trâmites administrativos pelas autoridades sanitárias dos dois países.

A reconquista do consumidor norte-americano, como pontua o ministro, é um marco para o agronegócio nacional, pois a pecuária chega ao mercado mais exigente do mundo e isso com certeza será a senha para atração de novos mercados consumidores à carne brasileira. “É um grande atestado da qualidade sanitária da nossa produção e com efeito disseminador”.

No ano passado, as vendas de carne termoprocessada ao mercado norte-americano somaram US$ 286,8 milhões. Com a inclusão da carne in natura, a expectativa é de um incremento de US$ 900 milhões nessas exportações.

Entre o início dos anos 2.000, vários focos de febre aftosa surgidos em diversas regiões do planeta, notadamente em países exportadores de carne, como a Argentina, Uruguai, Brasil e União Européia, levaram países importadores, como os Estados Unidos, a suspenderam as compras de carne “in natura”, que passaram a demandar por carnes processadas.

A reabertura do mercado consumidor norte-americano é resultado imediato da missão liderada pelo ministro Blairo Maggi aos Estados Unidos. O acordo de negociação entre o Brasil e os Estados Unidos para liberação do comércio de carne bovina in natura entre os dois mercados foi concluído em Washington, durante o IX Comitê Consultivo Agrícola (CCA) dos dois países.

A habilitação dos frigoríficos que irão exportar os cortes será por prelisting, ou seja, o Ministério da Agricultura e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) poderão indicar uma lista de estabelecimentos para exportação e, desses, apenas os que cumprirem todos os requisitos previstos no acordo serão chancelados pelos serviços oficiais dos dois países.

Para o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, o acordo mostra que a carne bovina brasileira tem padrão elevado. “O mercado norte-americano é bastante exigente. Isso mostra que nossa carne está em um padrão mundial.”

MATO GROSSO – Além de ser o maior produtor de grãos e fibras do país, Mato Grosso detém o maior rebanho nacional com pouco mais de 29 milhões de cabeças e ser o segundo maior exportador de carne bovina do país, atrás de São Paulo, a abertura do consumo norte-americano aos cortes in natura chega em um momento importante para a estabilização da atividade, tanto para a gestão dos frigoríficos quanto para a manutenção dos preços pagos ao produtor em níveis que geram a remuneração da atividade, as chamadas cotações firmes. Há um ano, várias unidades frigoríficas fecharam as portas no Estado desempregando milhares de trabalhadores.

A disponibilidade de um novo comprador oferece maior tranquilidade para as indústrias de Mato Grosso, especialmente na escala de abates, bem como nas negociações de animais, pois a liberação da exportação de carne bovina in natura para os Estados Unidos abre o leque para que Mato Grosso diversifique seu mercado consumidor e tenha condição de atender à demanda pelo produto, tanto exportando quanto suprindo o mercado interno.

O presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Luciano Vacari, integrou a missão técnica brasileira e avaliou a repercussão das negociações. “O acordo bilateral demonstra o reconhecimento da seriedade e qualidade do controle sanitário brasileiro. Mais que isso, o acesso ao mercado norte-americano vai possibilitar que consigamos abrir novos canais de vendas e chegarmos a mais destinos com nossos produtos”.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, pontua que a negociação representa o passaporte definitivo da carne mato-grossense não apenas para os EUA, mas também para o resto do mundo. “Um mercado internacional maior e qualificado vai demandar mais nossa produção, o que agrega ainda maior valor ao nosso produto”.

“As negociações representam mais um grande passo da carne bovina brasileira rumo à mesa dos consumidores mundiais. Assim como mais de cem países que já contemplam exigentes paladares, os Estados Unidos contarão com a qualidade e constância da carne brasileira”, frisou o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi.

No ano passado foram exportadas 298 mil toneladas de equivalentes carcaças (TEC). Países da União Europeia, Oriente Médio e a China são os maiores compradores da carne bovina mato-grossense.





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