Psicopatas têm inteligência abaixo da média, segundo cientistas Pesquisa que avaliou 187 estudos sobre a relação entre psicopatia e inteligência sugere que psicopatas não têm mentes tão brilhantes quanto mostra a TV
Sedutores, manipuladores e inteligentes – é assim que psicopatas normalmente são retratados em filmes e programas de televisão. Um estudo publicado este mês por uma equipe de pesquisadores americanos e britânicos, no entanto, revela que a realidade pode não ser exatamente como mostra a ficção. Avaliando estudos que relacionam psicopatia e inteligência, os cientistas descobriram que, na verdade, pessoas que possuem traços psicopatas tendem a apresentar uma inteligência abaixo da média.
“Conforme nós entendemos melhor a psicopatia, seremos mais aptos a desenvolver tratamentos e reabilitação para psicopatas”, afirma o pesquisador Brian Boutwell, da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, em entrevista ao New Scientist.
Eles estão entre nós
A verdade é que você provavelmente já conheceu ou pelo menos cruzou com o caminho de algum psicopata na vida – de acordo com Boutwell, eles correspondem a 1% da população. Para ser classificada como um psicopata, a pessoa deve ser diagnosticada por meio de um teste, apresentando traços que incluem insensibilidade, impulsividade e agressividade. Isso, no entanto, não significa que eles necessariamente vão infringir a lei ou machucar alguém, mas as chances disso acontecer são mais altas, explica o pesquisador.
O “mito do Hannibal Lecter”, em homenagem ao famoso personagem do filme O Silêncio dos Inocentes, é o nome que psicólogos dão para a imagem amplamente difundida de que psicopatas seriam donos de mentes brilhantes, capazes de planejar meticulosamente cada passo para cometer seus crimes. A equipe de pesquisadores, porém, decidiu investigar mais a fundo essa afirmação e descobriu que a verdade não é bem assim. “Psicopatas são impulsivos, têm problemas com a lei e frequentemente se machucam. Isso me levou a pensar que eles não são excessivamente inteligentes”, afirma Boutwell.
Para comprovar sua teoria, o pesquisador e sua equipe analisaram os resultados de 187 estudos que avaliavam a relação entre inteligência e pessoas que apresentavam traços de psicopatia. O total incluía pesquisas que haviam sido feitas tanto com psicopatas presos quanto livres, muitos deles com carreiras de sucesso. Os critérios de inteligência avaliados também eram diversificados.
Após a análise, os pesquisadores afirmam não terem encontrado nenhuma evidência de que psicopatas eram mais inteligentes do que pessoas que não apresentavam esses traços – na realidade, a relação encontrada foi que a maioria dos psicopatas tiveram piores desempenhos em testes de inteligência.
Para os cientistas, mudar a maneira que a sociedade enxerga os psicopatas também pode influenciar o tratamento que eles recebem da justiça. “Se eles têm menos inteligência, você pode dizer que eles são propensos a atacar de novo, ou você pode dizer que se eles têm dificuldades cognitivas, uma sentença mais longa não vai ajuda-los”, afirma Boutwell. “Você pode argumentar em ambas direções.”
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