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Economia
Quarta - 08 de Março de 2017 às 08:46
Por: Pâmela Kometani, G1

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Monica Herrero, CEO da Stefanini no Brasil (Foto: Divulgação)
Monica Herrero, CEO da Stefanini no Brasil (Foto: Divulgação)

As mulheres já representam mais de 49% do mercado de trabalho mundial, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), mas ainda têm pouca representatividade em cargos de liderança.

O índice de mulheres em cargos de CEOs e de diretorias executivas no Brasil chegou a 16% em 2017, segundo a pesquisa International Business Report (IBR) – Women in Business, da Grant Thornton. No ano passado, o índice era de 11% e em 2015 era de apenas 5%.

“A ascensão de mulheres aos cargos de liderança é resultado natural de alguns fatores como perfil empreendedor, excelente qualificação e melhor sensibilidade da mulher que exerce cargos de liderança, na busca de resultados e também no relacionamento e engajamento de sua equipe”, afirma Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton. A pesquisa foi feita com mais de 2.500 empresas em 36 países, sendo 150 executivos brasileiros.

Veja o depoimento de Mônica Herrero, CEO da Stefanini no Brasil

Monica Herrera, da Stefanini, é uma das poucas CEOs mulheres no Brasil

Mesmo com um índice baixo, o Brasil está à frente da média global, de 12% de mulheres no cargo de CEOs. A Tailândia é o país pesquisado com mais mulheres neste cargo, com 40%. Nova Zelândia, com 2% e Austrália e Irlanda, com 3%, apresentam os piores indicadores.

Segundo Caroline de Oliveira, diretora de marketing da Grant Thornton, as mulheres não chegam ao mercado de trabalho em posição igualitária com os homens e isso afeta sua ascensão aos cargos mais elevados. “É preciso rever toda a estrutura e saber como empresas e governo incentivam as mulheres, da universidade até o primeiro emprego”.

Mulher na área de TI

Monica Herrero, de 52 anos, é uma das poucas mulheres que conseguiu chegar no topo no mercado de trabalho brasileiro. Ela é presidente da Stefanini no Brasil, empresa de soluções de negócios baseados em tecnologia, há 4 anos. Formada em matemática e líder em uma área majoritariamente masculina, Monica sempre viu mais homens do que mulheres na sua rotina de trabalho.

“O campo de exatas, principalmente há alguns anos, sempre foi extremamente masculino. Eu lembro que na minha turma de 50 pessoas no curso de matemática eram cinco mulheres e 45 homens. Até hoje sempre, no meu dia a dia, acabo tendo reuniões e visitas com muito mais homens do que mulheres, infelizmente”, afirma.

Na Stefanini, 35% do quadro de funcionários é composto por mulheres. Na diretoria e vice-presidência são 29% de mulheres e na gerência são 36%. A meta da empresa é chegar ao índice de 50% em todos os setores.

Segundo ela, estimular a entrada de mulheres, logo quando a graduação é concluída, em áreas tradicionalmente masculinas é uma forma de ter mais liderança feminina no futuro. “Hoje o nível de formação das mulheres em nível universitário já é maior do que dos homens. Eu acho que é uma questão de elas realmente saberem que podem e começarem a se candidatar e se posicionar nos perfis de liderança”, diz.

"Um pouco dessa liderança feminina, e quebrar esse mundo masculino, vem de nós mulheres que somos educadoras. O primeiro é, como mãe ou educadora, começar a incentivar essas meninas a se posicionarem do jeito que elas gostariam de ser e não do jeito que a sociedade quer"

Mulheres na liderança

Em cargos gerenciais e de liderança, cerca de 19% das empresas brasileiras têm mulheres, índice menor que a média global de 25%. O Brasil está empatado com o Reino Unido (19%) e à frente apenas da Alemanha (18%), Índia (17%), Argentina (15%) e Japão (7%). Lideram o ranking Rússia (47%), Indonésia (46%) e Estônia, Filipinas e Polônia (40% cada).

“Mesmo com o crescimento das mulheres em cargos diretivos nos últimos anos, é evidente que ainda há um grande espaço a ser conquistado, podendo ampliar a presença das mulheres em todos os níveis das corporações, principalmente na transição de gerência à diretoria”, diz Madeleine.

O estudo também aponta que 53% das companhias brasileiras não possuem mulheres em cargos de liderança. Neste quesito, o Brasil está pior do que a média global (34%), ao lado do Japão (67%), Malta (56%), Alemanha (54%) e Argentina (53%), entre os países com os piores indicadores.

Nos Estados Unidos, o número de empresas que não possui mulheres líderes é de 31%. Rússia com 0%, Filipinas com 6% e Nigéria 9% apresentam os melhores índices.

Segundo Caroline, as empresas precisam incentivar a carreira e o desenvolvimento das mulheres. “É importante proporcionar situações e oportunidades em que elas possam exercer a liderança, para que isso aumente a experiência e a agilidade na hora da decisão para ter uma liderança mais assertiva”.

Sheryl Sandberg é chefe operacional do Facebook desde 2008 (Foto: Mike Segar/Reuters)Sheryl Sandberg é chefe operacional do Facebook desde 2008 (Foto: Mike Segar/Reuters)

Sheryl Sandberg é chefe operacional do Facebook desde 2008 (Foto: Mike Segar/Reuters)

Por setor

O setor de viagens, turismo e lazer é o que mais emprega mulheres em cargos de alta gerência globalmente, com 37%; tecnologia, TI & telecomunicações, tem 28%; educação e serviço social, também com 28% e outros serviços totalizam 33%. Já os setores de serviços financeiros (16%); agricultura, silvicultura e pesca e extração e mineração (19%) são os que menos empregam mulheres líderes.

Na América Latina, o setor de transporte tem 31%; tecnologia, TI & telecomunicações, 30% e viagem, turismo & lazer, com 27%; outros serviços totalizam 33%. Os indicadores mais baixos são educação (0%), finanças (6%) e saúde (7%).





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