Balanço
Parcerias fortalecem conservação da fauna silvestre O serviço de resgate à fauna é uma responsabilidade da Sema desde 2013, mas conta com a parceria da Sesp para resgate e abrigo provisório dos animais
Com a implantação de quatro Centros de Triagem (Cetas) e um de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) nos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso, Várzea Grande, Rondonópolis e Barra do Garças, Mato Grosso busca o fortalecimento no atendimento à fauna, por meio de parcerias com instituições públicas e privadas.
Mesmo sem muita estrutura, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) resgatou e abrigou, nos últimos dois anos, 1.420 animais, a maioria vítima de atropelamento em rodovias. Responsável pelo serviço desde 2013, o órgão ambiental destinou cerca de R$ 155 mil em recursos para aquisição de alimentos (frutas, carnes e rações), equipamentos e diárias.
Para o coordenador de Fauna e Recursos Pesqueiros da Sema, Christiano Justino, apesar das dificuldades, o balanço é positivo, com o engajamento dos serviços e parceiros. “Estamos conseguindo driblar os desafios para garantir um serviço eficiente”.
Até 2012, a gestão da fauna era realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mas há quatro anos passou a ser executado pela Sema em atendimento à Lei Complementar nº 140, da Presidência da República. Christiano explica que o dinheiro investido no setor é proveniente do Plano de Trabalho Anual (PTA) e de Termos de Referência (TR).
O coordenador acredita que a fauna é uma das áreas essenciais da Secretaria, que contribui para a conservação ambiental. “Os animais são importantíssimos para o ecossistema. Eles ajudam no equilíbrio da natureza. A extinção de uma espécie, por exemplo, pode causar modificações em todo o sistema ocasionado instabilidade ambiental”.
Trabalho conjunto
Com a proposta de oferecer um serviço de qualidade, a Sema possui parceria com várias instituições, como a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), por meio de um termo de cooperação técnica, desde 2014. O documento de n.° 004 foi prorrogado em 2015 e tem validade até fevereiro de 2018.
As secretarias são responsáveis por receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres provenientes da ação de fiscalização, resgates ou entregas voluntárias de particulares, visando à proteção da fauna no estado. Fica a cargo da Segurança Pública, por meio do Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA), a disponibilização do local para manutenção dos animais; executar a captura, resgate e destinação de fauna silvestre, conforme orientação técnica da Sema; disponibilizar e manter a segurança no espaço físico do BPMPA; informar ao órgão ambiental sobre os materiais aprendidos; e apresentar mensalmente relatórios técnicos referentes às atividades de fiscalização e ações desenvolvidas visando à educação ambiental.
Cabe a Sema custear as atividades preventivas, fiscalizatórias e repressivas; oferecer o apoio logístico necessário para as ações; e realizar o pagamento de despesas, como diárias, passagens e gastos relacionados à manutenção dos animais silvestres. A Sema é encarregada pela manutenção da estrutura física disponibilizada pelo Batalhão, que está localizada em Várzea Grande, e também providencia materiais e equipamentos para realização das atividades voltadas aos bichos.
Além do trabalho conjunto com o Batalhão, a Sema também conta com o apoio do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Centro Universitário de Cuiabá (Unic) para a realização de procedimentos médicos e cirúrgicos nos animais que estão com algum problema de saúde.
Sobre o resgate
Os animais resgatados em Mato Grosso são destinados provisoriamente para os recintos mantidos pela Sema no BPMPA. Atualmente, o local abriga 153 animais provenientes de resgates ou entrega voluntária. Assim que é resgatado, se o animal estiver com alguma fratura ou debilitado ele passa por uma avaliação clínica no Hospital Veterinário da UFMT ou da Unic. Caso esteja apto para voltar à natureza, ele é solto, mas se estiver domesticado ou com alguma deficiência física que o impossibilite de ser reintroduzido no habitat natural, tem que ser mantido no Batalhão e disponibilizado para guarda provisória ou enviado para criadouros.
Por enquanto, a Sema não possui um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), por isso alguns são encaminhados para instituições com uma metodologia de criadouro conservacionista, em que o animal passa por um processo de reabilitação e, posteriormente, reintrodução na natureza. Essas instituições também têm a finalidade de reprodução para perpetuação da espécie, a fim de não perder aquele patrimônio genético. “Muitos bichos não possuem mais as habilidades de um animal silvestre. São dóceis e precisam desenvolver seu sistema de caça e defesa para viver conforme sua espécie. Essas instituições têm essa finalidade”, informa Christiano.
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