Empreiteiras doaram 65% dos recursos arrecadados por Haddad
Duas grandes empreiteiras doaram 65% dos recursos arrecadados pelo candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, no início destas eleições. Do R$ 1,47 milhão arrecadado pelo candidato, R$ 950 mil provêm do caixa de construtoras, segundo a primeira prestação de contas parcial divulgada pela Justiça Eleitoral.
Os dados incluem repasses feitos até o dia 6 de agosto, mas a identificação dos doadores foi revelada apenas na quinta-feira passada, 23.
A OAS, responsável por grandes obras viárias da cidade, como a Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira, na zona sul, é a maior doadora individual: transferiu R$ 750 mil para o petista. Em seguida vem a Carioca Engenharia, que construiu os corredores de ônibus Inajar de Souza-Centro e o Parelheiros-Santo Amaro, doadora de R$ 200 mil para Haddad.
Outros 32% arrecadados pela campanha de Haddad, ou R$ 475 mil, provêm de fontes ocultas. Na prestação de contas, consta como doador desse montante o Diretório Nacional do PT, que está repassando outras doações para o comitê do candidato. Essa triangulação dificulta ou impede que a origem dos recursos seja rastreada, mas é admitida pela legislação eleitoral e amplamente utilizada pela maioria dos candidatos.
Há outras doações destinadas à campanha de Haddad. O comitê financeiro único do PT para as eleições municipais em São Paulo, que tem outro CNPJ, mas também recebe doações e realiza despesas para Haddad e candidatos a vereador do partido, arrecadou R$ 1,22 milhão até a primeira prestação de contas. Desse total, 80%, ou R$ 975 mil, são doações ocultas, recebidas via diretórios municipal e nacional do PT.
Questionado nesta quinta-feira, 30, sobre a expressiva doação de empreiteiras à sua campanha, Haddad afirmou não ver problemas e, se eleito, disse que executará as obras apresentadas no seu plano de governo dentro da legalidade. O petista também prometeu instalar uma Controladoria Geral do Município para prevenir e reprimir atos de corrupção na administração municipal.
O candidato costuma fazer severas críticas ao financiamento privado das campanhas e se diz favorável ao modelo de financiamento público e exclusivo das candidaturas, uma tradicional bandeira do PT. Para ele, no entanto, os partidos que hoje desejam disputar o poder não teriam outra alternativa a não se submeter a essa lógica. "Enquanto a regra do jogo for essa, temos a Justiça Eleitoral para acompanhar", disse, durante sabatina à rádio CBN na semana passada.
Campeão de gastos. A campanha de Haddad é a que mais declarou gastos no País na primeira prestação - R$ 10,7 milhões. A maior despesa do petista consiste no pagamento de R$ 2 milhões à agência do marqueteiro João Santana - Polis Propaganda e Marketing. Em seguida, está a locação de cem veículos Kombi com sonorização, motorista e combustível, pelo valor de R$ 1,74 milhão. Em terceiro, vem um pagamento de R$ 960 mil à Analítica Comunicação, que realiza a assessoria de imprensa de Haddad. A campanha também tem à sua disposição vinte veículos, alugados por R$ 188 mil.
Outros candidatos. O candidato líder nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB), declarou na primeira prestação de contas ter recebido R$ 240 mil em doações, dos quais 80%, ou R$ 192 mil, do comitê financeiro municipal único do seu partido, o que dificulta a identificação da origem dos recursos. Ele também declarou gastos de R$ 76 mil, dos quais o maior, de R$ 26 mil, destina-se à confecção de duas milhões de "praguinhas" - adesivos pequenos com a foto e o nome do candidato.
O comitê do PRB, por sua vez, declarou ter recebido R$ 512 mil, dos quais 97%, ou R$ 500 mil, podem ser considerados de fontes ocultas, pois consta como doadora desse montante a direção nacional do PRB. E despesas de R$ 245 mil, dos quais R$ 160 mil destinados à produção de programas de televisão.
No mesmo período, a campanha de José Serra (PSDB) declarou ter recebido R$ 1,54 milhão em doações, R$ 70 mil a mais que a candidatura petista. No entanto, 100% desse valor provêm do comitê financeiro municipal para prefeito do PSDB, o que torna impossível saber a origem exata dos recursos. A sua candidatura não declarou nenhum gasto na primeira prestação de contas parcial destas eleições.
O comitê tucano, por sua vez, declarou ter recebido R$ 1,95 milhão, dos quais 25,6%, ou R$ 500 mil, doados pela empreiteira JHS e 61%, ou R$ 1,2 milhão, pela direção estadual do PSDB. O comitê também declarou gastos de R$ 1,54 milhão, sendo que o maior pagamento, de R$ 328 mil, teve como destino uma cooperativa de trabalho.
Transparência. A Justiça Eleitoral divulgará no dia 6 de setembro a próxima prestação de contas parcial dos candidatos de todo o País.
everas críticas ao financiamento privado das campanhas e se disse favorável ao modelo de financiamento público e exclusivo das candidaturas, uma tradicional bandeira do PT.everas críticas ao financiamento privado das campanhas e se disse favorável ao modelo de financiamento público e exclusivo das candidaturas, uma tradicional bandeira do PT.
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