Inteligência artificial ajuda no diagnóstico precoce do câncer Software obteve 86% de eficácia na identificação de células alteradas geneticamente
A tecnologia surge, novamente, como aliada na guerra contra o câncer. Pesquisadores da Universidade de Showa, no Japão, criaram um sistema de Inteligência Artificial (IA) que consegue detectar tumores de todos os tipos em estágio inicial.
O índice foi de 86% de acerto na identificação de mudanças neoplásicas – quando há crescimento anormal, acelerado e descontrolado de um tecido ou uma célula, gerando o que se chama de tumor, podendo este ser maligno ou benigno.
O estudo envolveu 250 homens e mulheres nos quais células colorretais mutadas foram detectadas usando endocitoscopia. No total, 306 delas foram avaliadas em tempo real.
Os pesquisadores alimentaram o software com mais de 30 mil imagens de células pré-cancerígenas e cancerígenas, com o objetivo de ensinar a inteligência artificial a diferenciar os casos.
Em seguida, eles colocaram uma imagem da célula colorretal alterada, ampliada em 500 vezes, para análise. O software, então, foi capaz de detectar, em menos de um segundo, quais partes podiam dar início a um câncer.
Basicamente, o sistema funciona como uma ferramenta de reconhecimento facial presente em redes sociais, como o Facebook, ou em smartphones, mas para analisar células microscópicas.
Eficácia.
De acordo com o oncologista Ulysses Ribeiro Junior, coordenador cirúrgico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o diagnóstico precoce pode aumentar em mais de 90% as chances de cura. “Podemos considerar precoce a descoberta que acontece nos estágios 1 e 2 da doença, quando o tumor é local e ainda não se espalhou para outras partes do corpo, o que aumenta o poder de cura”, explica.
Além disso, Ribeiro Junior afirma que o uso da inteligência artificial vai permitir que médicos planejem terapias contra a doença de forma mais rápida e assertiva. “Não gastaríamos tanto tempo analisando qual seria o melhor tratamento e poderíamos indicar aos pacientes aqueles menos invasivos e com menos efeitos colaterais”, diz.
Insubstituível.
Entretanto, o especialista alerta que a inteligência artificial não deve ser temida como uma substituta da figura do médico. “Ela é um braço da medicina que já auxilia muito os profissionais da área a oferecer uma saúde melhor aos pacientes. Mas o médico sempre será o ator principal em qualquer processo”, declara Ribeiro Junior.
Futuro.
“Nos próximos cinco anos, veremos uma revolução na saúde do país com o uso da inteligência artificial para diagnósticos e tratamentos”. Alexandre Chiavegatto Filho, médico.
Universidade brasileira já tem laboratório de IA
A utilização da inteligência artificial na medicina já é uma realidade no país. A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) conta com uma sala dedicada ao estudo e à aplicação da técnica desde o fim de 2016. No local, três pesquisadores atuam com computadores com alta capacidade de processamento de dados, manuseando indicadores de saúde.
Conhecido como Labdaps, o Laboratório de Big Data e Análise Preditiva conta com uma base de dados para criar programas de inteligência artificial que, num futuro próximo, possam facilitar o diagnóstico de doenças, como dengue, zika ou chikungunya por meio de análises e comparação de imagens.
“A área que mais vai ser alterada é a saúde, porque ela é repleta de imperfeições (muitas incertezas, principalmente com diagnóstico e predição de eventos, por causa de sua complexidade imensa de fatores”, afirma o médico Alexandre Chiavegatto Filho, coordenador do laboratório.
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