Bia Ifran Oliveira (PT), Adriano Rosa (PV) e Juliana Souza (PT) estão entre os candidatos em prol da causa LGBT. (Foto: Divulgação)
O arco-íris vai estar presente como nunca nas eleições deste ano, segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o número de candidatos LGBTs é um recorde no Brasil, com mais de 100 concorrentes em prol do respeito à diversidade sexual. Em 2008, a ABGLT registrou 79 candidatos. Para estampar o propósito carro-chefe das campanhas, muitos dos LGBTs inseriram o 24 no número da candidatura - o 24 identifica o veado no jogo do bicho.
Luta contra a homofobia, educação nas escolhas sobre diversidade sexual, incentivo dos LGBTs no mercado de trabalho e criação de centros recreativos para a comunidade estão entre os projetos dos candidatos. De acordo com o membro da ABGLT e candidato a vereador em Curitiba, Márcio Marins (PSB), ter apenas militantes da causa não é o suficiente, por isso, o movimento decidiu entrar na política para tentar eleger representantes. "Nem sempre o aliado está disposto a enfrentar qualquer tipo de barreira, precisamos aprovar esses espaços", justificou.
O argumento de Marins faz sentido para o filósofo e autor do livro Consciência e liberdade em Sartre: por uma perspectiva ética, Carlos Eduardo de Moura, que prevê uma luta árdua para obter a inserção social completa dos LGBTs na sociedade. Para Moura, o marco de candidatos alcançado não significa que o povo estará pronto para deixar o preconceito de lado em outubro. "Há uma coragem maior da comunidade LGBT de colocar a cara a tapa. É uma percepção da necessidade de se inserir na sociedade, não mais se esconder. O fato de se impor na sociedade é o primeiro passo para a evolução, mas isso não é para amanhã ou daqui uma semana, vai demorar", disse ele.
Satisfeito pela participação política registrada pela ABGLT, o candidato homossexual a vereador Léo Lobato (PT) em Natal disse que o conformismo da população LGBT em buscar articulação política em torno de seus direitos é uma de suas preocupações. "Muitos esquecem que a pouca liberdade conquistada até hoje pelos homossexuais é fruto de disputa politica de décadas", afirmou. Segundo Moura, toda mudança histórica exige conflitos. "As mulheres só ganharam espaço quando se inseriram na sociedade, elas saem de casa, da exclusão, para buscar o seu espaço", comparou.
Eleições 2012
Para a filósofa e socióloga Rosa Maria Rodrigues de Oliveira, nos últimos anos já ocorreu uma preocupação política com os LGBTs. "A partir das edições do Programa Brasil sem Homofobia, em 2004, quando o Estado efetivamente encampa, pelo número de propostas legislativas, normas federais e jurisprudência dos tribunais que é crescente neste período, bem como há uma diversificação maior do envolvimento nos diversos setores de uma resposta estatal à demandas dos movimentos sociais os temas relacionados às homossexualidades e identidades de gênero", citou.
Porém, para Moura o Brasil ainda está em processe de amadurecimento e a diversidade de opiniões sobre votar ou não em um candidato LGBT nessas eleições ainda deve ser grande. "Creio que a massificação e moralismo religiosos escurecem a reflexão em torno do novo", disse ele. "Mas a participação dos candidatos já é um "colocar para pensar". A receita é instalar o conflito do novo, para trazer reflexão", concluiu.
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