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Sexta - 09 de Novembro de 2018 às 15:20
Por: Lislaine dos Anjos/Mídia News

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Alair Ribeiro/MidiaNews
O deputado federal eleito por Mato Grosso, Neri Geller (PP)
O deputado federal eleito por Mato Grosso, Neri Geller (PP)

O deputado federal eleito por Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, Neri Geller (PP), e o ex-secretário de Defesa Agropecuária do Mapa e advogado cuiabano, Rodrigo Figueiredo, receberam R$ 450 mil de propina da JBS.

O dinheiro foi dado em troca da elaboração de atos de ofício que proporcionariam ao grupo empresarial a eliminação da concorrência e a formação de monopólio no mercado de proteína animal.

A informação consta no pedido de prisão feito pela Polícia Federal ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), acatado pela desembargadora Mônica Sifuentes, que resultou na deflagração da Operação Capitu, nesta sexta-feira (9) - veja a íntegra da decisão no final da matéria.

Até o final da manhã, Geller, Figueiredo e mais 13 pessoas já haviam sido presas. Ao todo, 19 mandados de prisão temporária foram expedidos. Todo o esquema no Mapa, segundo a polícia, teria ocorrido durante os anos de 2014 e 2015.

Conforme a PF, no início de 2014, o dono da JBS, Joesley Batista, e o ex-diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud, teriam oferecido propina para o então ministro da Agricultura e atual vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (MDB), ao sucessor dele na Pasta, Neri Geller, e ao secretário Rodrigo Figueiredo, para que o Mapa proibisse o uso do vermífugo Ivermectina e tomasse outras medidas a fim de beneficiar as empresas do grupo.

Todo o esquema teria sido intermediado pelo deputado federal cassado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) -, que está preso no Paraná desde outubro de 2016 - e pelo operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro.

Investigação

O inquérito policial foi instaurado em maio deste ano, baseado em declarações prestadas por Funaro sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Mapa.

De acordo com a PF, Rodrigo Figueiredo foi o responsável pela edição do ato normativo que dispunha sobre a regulamentação de despojos de bovinos e bubalinos, em fevereiro de 2014.

Secom/Cuiabá

ministerio da agricultura

Rodrigo Figueiredo, que teria recebido R$ 200 mil em propina para editar normativas no Mapa que beneficiassem a JBS

E, em maio daquele ano, foi publicada a instrução normativa do Mapa que proibia o uso da Ivermectina de longa duração, atendendo aos interesses do grupo JBS. Outra medida que também teria beneficiado o grupo tratou da federalização das inspeções de frigoríficos.

Em contrapartida às medidas publicadas pelo Mapa, Joesley Batista teria pago R$ 7 milhões (sendo R$ 2 milhões pelo ato referente ao despojo e R$ 5 milhões pela proibição do vermífugo), valor que teria sido "lavado" e repartido pelos operantes do esquema por meio de Funaro - que reteve R$ 900 mil para si.

Ao ex-ministro Antônio Andrade, foram repassados, à epoca, R$ 3 milhões por meio de um advogado apontado como o seu principal operador financeiro, segundo a PF. Para Eduardo Cunha, teriam sido entregues R$ 1,5 milhão, enquanto o então secretário do Mapa, Rodrigo Figueiredo, teria recebido R$ 200 mil por meio de um doleiro de Brasília.

Conforme a PF, Neri Geller recebeu R$ 250 mil por meio do contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, já apontado em outras investigações como o responsável por realizar pagamentos de propina do grupo JBS a políticos. O pagamento teria sido feito em 31 de outubro de 2014.

Mandados de prisão

Ao autorizar a prisão temporária dos suspeitos de envolvimento no esquema, a desembargadora Mônica Sifuentes afirma que o ex-executivo da JBS, Ricardo Saud, teria entrado em contado com Geller por telefone, em dezembro de 2014, preocupado com um possível boato de que o ministro iria revogar o ato normativo referente à Ivermectina. "Neri Geller disse que não iria revogar", diz trecho da decisão.

A desembargadora ainda cita, em sua decisão - ao falar sobre o poder de manobra dos investigados - que Ricardo Saud mantinha relação próxima a Neri Geller, apesar de ter declarado à PF, em setembro de 2018, que não tratou com o então ministro de "assuntos relacionados ao presente inquérito referentes ao Mapa, como despojos, ivermectina e 'listão'", tendo se encontrado com Geller apenas uma vez, quando ele ocupava o cargo.

"[...] Por meio dos diálogos interceptados durante a 'Operação O Quinto', nos quais se vê claramente que Ricardo Saud mantinha relacionamento de proximidade com o então ministro Neri Geller e as negociações em torno da utilização da Ivermectina", afirmou a magistrada.

Clique AQUI para ler a íntegra da decisão.





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