Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), é suspeito de envolvimento com o grupo de Carlinhos Cachoeira. (Foto: José Cruz/Agência Senado)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou na terça-feira (21) abertura de inquérito para investigar o suposto envolvimento entre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A medida atende a um pedido do Ministério Público Federal.
No último dia 13 de agosto, o STJ já havia aberto inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O tucano também é acusado de envolvimento com o grupo de Cachoeira. Perillo, no entanto, nega ter ligações com o contraventor.
No começo do ano, gravações da Polícia Federal, feitas durante a Operação Monte Carlo, flagraram o então chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, em conversa com pessoas ligadas a Cachoeira. Quando as denúncias foram veiculadas pela imprensa, Monteiro pediu afastamento do cargo.
Em junho, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Queiroz garantiu que encontrou Carlinhos Cachoeira uma única vez, quando foi à sede da empresa Vitapan, empresa de medicamentos do contraventor localizada em Anápolis (GO). "Esse foi o único contato que tive com ele. Não tenho absolutamente nada com o senhor Cachoeira", completou o governador, que garantiu que não há nenhuma citação que possa comprovar sua ligação ou de seus secretários com o bicheiro.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.
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