"Situação assustadora"
ONG resgata animais no Pantanal e cita devastação de incêndios Fundação atua há 31 anos com preservação da natureza; profissionais precisam de doações
Trabalhando há 31 anos com a preservação da natureza no Pantanal mato-grossense, a Fundação Ecotrópica hoje se empenha para conter os incêndios na região e resgatar animais feridos e afetados pelo fogo neste período de queimadas do Estado.
O Pantanal vem sendo consumido por fogo desde o dia 12 de julho e os grandes incêndios vem comprometendo grande parte do bioma da região. Diversas forças de combate estão trabalhando no local diariamente para tentar acabar com as chamas e diminuir o impacto do desastre.
Na região, a fundação tem quatro unidades de conservação, denominadas como Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNS), que estão espalhadas por Poconé, Acurizal, Penha e Carumbá, estes três últimos em Mato Grosso do Sul.
O amanhecer e entardecer parece ser o mesmo momento, pois, a visibilidade é péssima. A fumaça domina. Os ossos dos animais e até mesmo parte do corpo estão espalhados
Carla Braganholo Martins, integrante da equipe da fundação, conta que apesar das chamas ainda não terem alcançado nenhuma das reservas da Ecotrópica, a situação é tão "assustadora e desesperadora" que eles se viram na obrigação de agir e ajudar a fauna, a flora e os moradores da região da Transpantaneira.
Nos últimos 30 dias, os grupos se reuniram e desceram até as regiões afetadas 5 vezes, para auxiliar no combate ao fogo e para resgatar os animais.
“Em cada descida para o Pantanal é levado diversos materiais, sendo alimentos e água para os animais, máscaras, soro fisiológico, álcool em gel e tudo o que é preciso para o auxílio higiênico e alimentar que moradores, profissionais, voluntários e equipes de resgate necessitam”, explica ela em entrevista ao MidiaNews.
Proporção dos estragos
Apesar de todos os vídeos que circulam pela internet mostrando a triste situação do Pantanal, segundo Carla eles não refletem nem 10% da realidade. Ela diz que a proporção dos estragos e devastação que o fogo vem causando no bioma são enormes.
As equipes atuam do Km 01 até o Km 150 da Transpantaneira, porém ela conta que a partir do Km 100 todas as margens de rodovia, tanto do lado esquerdo quanto direito, estão tomados pelo fogo.
A cada descida, além da vegetação destruída, o que se pode ver, de acordo com ela, é a densa fumaça que cobre tudo e os corpos espalhados dos animais que não conseguiram fugir dos incêndios.
O cenário, descrito como fúnebre, espanta os membros da Fundação todas as vezes, mesmo que eles já tenham passado pelas regiões em diversas ocasiões. Além de toda tristeza, os profissionais ainda precisam lidar com o clima de calor intenso e umidade extremamente baixa, que torna o trabalho mais difícil.
“O amanhecer e entardecer parece ser o mesmo momento, pois, a visibilidade é péssima. A fumaça domina. Os ossos dos animais e até mesmo parte do corpo estão espalhados. Fora os que não perderam a vida, mas estão com ferimentos graves”, descreve.
Munidos de soro fisiológico e máscaras para tentar amenizar o clima insuportável, as equipes de resgate descem para o Pantanal e buscam pelos animais que estão feridos. Em um primeiro momento, o grupo oferece os cuidados mais urgentes e, posteriormente, são levados para a sede da fundação. Lá, recebem alimentos e são medicados de acordo com a necessidade de cada animal ferido.
Carla explica que muito dos animais não tem força para fugir ou até mesmo “não sabem para onde ir”, devido à fumaça.
Às vezes, conseguem escapar, porém, se machucam nessa transição do local que habitava para o de fuga. Por isso, são comuns as queimaduras dos mais variados graus nos bichos resgatados.
Fundação Ecotropica
O Inpe afirma que apenas no mês de agosto foram 6 mil focos de incêndio
Na lista de espécies atendidas estão Cutias, Cervos, Preá, Quatis, Tucanos, Aracuã-do-pantanal, lobetes e antas.
No Instagram da Ecotrópica, as equipes divulgam vídeos e fotos dos trabalhos realizados na região. Nas imagens, eles mostram a real situação do bioma e a proporção dos estragos que afetam a região.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já foram mais de 6 mil focos de incêndio apenas no mês da agosto no Pantanal, este é considerado o maior número registrado nos últimos 14 anos.
“É muito triste. Dolorido. Uma sensação de que não há mais o que ser feito. Quem conhece o Pantanal de outras épocas e se depara com a situação atual, é assustador. Não há beleza. Dá para ver a tristeza dos animais”, afirma.
Doações
Execendo um trabalho árduo diariamente e sem fins lucrativos, a Ong se vê em uma situação em que precisa de doações para conseguir manter as ações de combate, resgate e cuidados que desempenha durante estes mais de 30 anos.
Atualmente, com a situação agravada do Pantanal, o auxílio, seja por qualquer meio, tornou-se ainda mais impressindivel para a Fundação Ecotrópica. As necessidades vão desde máscaras, luvas, perneira, botinas (37 a 42), camisetas, soro fisiológico, até medicamentos como, gaze, pomadas de queimadura, rifocina, repelente e demais itens farmacêuticos e de uso pessoal.
Além dos equipamentos para as equipes que enfrentam o cenário rude do fogo, a Ong também apela para que quem possa, ajude com doações de alimentos para os animais resgatados e que estão sendo cuidados pelas equipes. Com um estudo realizado pela fundação, eles selecionaram os alimentos mais aceitos durante o tratamento dos animais, que são baseados em milho, farelo de milho, frutas, paes secos, verdura, legumes e, principalmente, a água.
Carla afirma que qualquer doação é bem-vinda e pede pela compaixão daqueles que podem ajudar.
Caso haja interesse em doar em bens materiais, a fundação tem voluntários para fazer a coleta e também existe a opção da doação financeira via boleto ou cartão de crédito, através do link, pela vakinha online ou pela conta:
Banco Santander
Agência: 4604
C/c: 130026370
Ecotropica Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos
CNPJ: 32.983.785/0001-56
Para mais informações entre em contato pelo telefone 65 98155-4190 (Carla) ou pelo e-mail da fundação: fundacaoecotropica@gmail.com
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