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Meio Ambiente
Sábado - 03 de Outubro de 2020 às 10:06
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

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Mayke Toscano - Secom-MT
Até sexta-feira (2) pela manhã, o Estado contabilizava 40.155 focos de calor neste ano
Até sexta-feira (2) pela manhã, o Estado contabilizava 40.155 focos de calor neste ano

O período proibitivo de queimadas em áreas rurais foi prorrogado até 12 de novembro deste ano, em Mato Grosso.

O ato normativo está em consonância com o decreto federal nº 10.524/2020, que também proibiu o uso do fogo em todo país por um período de 120 dias.

A decisão levou em consideração as condições climáticas severas que favorece a propagação de incêndios florestais de grandes proporções.

No Estado, a proibição começou a valer em 1º julho passado. Mas, apesar da determinação do Estado, o fogo vem devastando o Pantanal há dois meses.

Até sexta-feira (2) pela manhã, o Estado contabilizava 40.155 focos de calor neste ano, o que representa um de 45% em relação ao mesmo período de 2019.

A prorrogação está prevista em decreto 659/2020, do Governo Estadual, publicado ontem, no Diário Oficial (DOE).

De acordo com o Governo, a decisão de proibir o uso do fogo para manejo e limpeza de áreas também obedece aos princípios da prevenção e da precaução, tornando mais efetiva a execução do Plano de Ação de Combate ao Desmatamento Ilegal e Incêndios Florestais de Mato Grosso, conduzido pelo Comitê Estratégico para o Combate do Desmatamento ilegal, a Exploração Florestal ilegal e aos Incêndios Florestais (CEDIF-MT).

Também se fundamenta na Lei Complementar nº 233, de 21 de dezembro de 2005, que considera o aumento de focos de calor no estado no mês de julho com tendência a se agravar nos meses seguintes.

“A legislação prevê que o período pode ser prorrogado ou suspenso de acordo com as condições climáticas. O período de estiagem favorece a incidência de incêndios florestais de grandes proporções, colocando em risco a saúde, qualidade de vida e segurança da população”, informa.

Assim, na área rural seguem suspensas até 12 de novembro, as licenças de queima controlada emitidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).

No perímetro urbano, as queimadas são proibidas durante todo o ano. Para atendimento das ocorrências de incêndios florestais, deve ser acionado o número 193 do Corpo de Bombeiros. Já em caso de denúncias de queimadas nas áreas rurais o cidadão deve entrar em contato pelo 0800 647 7363.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde o início de janeiro deste ano, Mato Grosso registrou 40.155 focos de calor contra 27.585, em 2019.

No país, são 163.991 registros, sendo 46,9% na Amazônia, 29,2% no Cerrado e 11,2% no Pantanal. Os demais distribuídos entre os biomas Pampa, Caatinga e a Mata Atlântica.

No Pantanal, as queimadas bateram o recorde histórico em setembro passado. No mês, foram registrados 8.106 focos de calor no bioma, o maior número contabilizado desde o início do monitoramento em 1998.

Em setembro, houve um aumento de 180% nos incêndios no Pantanal em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram registrados 2.890 focos.

Já em relação ao recorde anterior de queimadas registrado em setembro de 2007, o crescimento foi de 47%.

Faltando ainda três meses para o fim do ano, o número de queimadas no bioma já é o maior dos últimos 22 anos, com 18.393 focos, ultrapassando o recorde registrado ao longo de 2005 (12.536).

Por lá, são cerca de 2.500 pessoas atuando no combate ao fogo no Estado, entre homens do Corpo de Bombeiros, da Força Nacional, brigadistas e voluntário. No perímetro urbano, as queimadas são proibidas o ano todo e devem ser denunciadas na prefeitura do município de ocorrência, nas secretarias municipais de meio ambiente ou defesa civil municipal.

ACORDO DE PARIS – A Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) divulgou, na sexta-feira (2), um estudo que avaliou, entre os anos de 1999 a 2018, os focos de calor em todos os seis biomas brasileiros, sendo eles, o Pampa, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Cerrado e Amazônia, bem como suas emissões, utilizando diversos dados provenientes de vários satélites, dentre eles, o ATSR, Terra e o NOAA-18.

Com base nos levantamentos, os cientistas realizaram uma projeção para 2030 onde estimaram que o Brasil emitirá, naquele ano, 5,7 GtCO2 (gigatoneladas de dióxido de carbono) somente como resultado das queimadas.

É importante considerar que pelo Acordo de Paris, em 2030, o Brasil precisa emitir apenas 1,2 Gt CO2. Assim como vale lembrar que cada Gt corresponde a um bilhão de toneladas.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores da Unemat e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Também acaba de ser publicada na Nature Scientific Reports.

Segundo o professor da Unemat, Carlos Antonio da Silva Junior, doutor em Agronomia e autor principal da pesquisa, estes números impressionam e evidenciam a ausência de uma ampla política de combate aos incêndios no país que vem ocorrendo desde governos passados.

“Além disso, demonstram que não conseguiremos atingir as metas do Acordo Climático de Paris”, reforçou o professor.

O Acordo de Paris aprovado, em 1992, por 195 países que participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Doutor em Genética e Melhoramento e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Eduardo Teodoro explica que o estudo não avaliou os anos de 2019 e 2020, uma vez que foi realizado a partir do segundo semestre de 2018 e encerrada no primeiro semestre de 2019.

“Mas os anos de 2019 e 2020, provavelmente, estarão contribuindo para deixar o Brasil em uma posição cada vez mais distante do acordo internacional”, observou.





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