Desastre ambiental
Período proibitivo teve mais de 33% das queimadas em MT Pantanal foi o bioma mais atingido pela intensa seca e destruição provocada pelos incêndios em 50 anos
Em um ano em que o meio ambiente foi castigado pela intensa estiagem e pelas queimadas que devastaram cerca de 30% do Pantanal, o período proibitivo para uso de fogo em propriedades rurais determinado pelo Governo de Mato Grosso terminou na quinta-feira (12).
No Estado, ao longo deste ano, já foram registrados 46.159 focos de calor, o que representa um aumento de 54% se comparado a 2019 (29.878 focos). Do total de ocorrências, 33.55% (15.346) foram nos últimos cinco meses, ou seja, durante a proibição.
Apenas no bioma pantaneiro, que se estende pelo vizinho Mato Grosso do Sul, esse incremento é de 131%, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Já na Amazônia, que também abrange parte do território mato-grossense, os focos saltaram 21%, saindo de 78.937, no ano passado, para 95.488 neste ano. No Estado, o período proibitivo foi antecipado e começou em 1º de julho, por conta da estiagem que favorece a incidência de incêndios florestais de grandes proporções.
Mas, de acordo como boletim do Inpe, dos mais de 46 mil focos, 15.346 foram detectados na época de proibição. O pico foi em setembro, quando foram contabilizados 7.704 pontos de queimadas no território mato-grossense.
Após outubro, com 3.518 ocorrências e, nos primeiros 11 dias deste mês, são 982 focos. O município pantaneiro de Poconé (110 quilômetros de Cuiabá) segue na liderança com 5.542 focos seguido de Barão de Barão de Melgaço (3.725).
O Pantanal foi o bioma mais atingido pela intensa seca e destruição provocada pelos incêndios florestais dos últimos cerca de 50 anos.
Pesquisadores ainda avaliam o tamanho dos danos provocados pelas chamas e as formas de recuperar a fauna e a flora do bioma. Um dos trabalhos é tentar identificar os locais onde as sementes das plantas permanecem viáveis sob o solo, e onde elas foram destruídas.
Em entrevista à TV Globo, a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Sandra Aparecida, reforçou que importante buscar formas de recuperação do ecossistema. "Nós não sabemos ainda (onde houve destruição das sementes). Depende muito da quantidade de combustível e o tempo de residência desse fogo. Se não tiver esses bancos de sementes, essas riquezas, não adianta chover. Se realmente foi afetado, não vai ter esse retorno".
A reportagem do DIÁRIO procurou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para obter uma posição sobre possível prorrogação ou não da proibição das queimadas, mas não obteve um retorno até o fechamento desta matéria.
Mas, para que o cenário não se repita, há uma semana, o governo do Estado informou que o meio ambiente receberá atenção especial por meio do programa “Mais MT”.
Para tanto, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) contará com investimentos de R$ 156 milhões, que serão destinados para ações preventivas de combate aos incêndios florestais, desmatamento ilegal, projetos de zoneamento e regularização de imóveis rurais (CAR), assim como a execução de planos de manejo em unidades de conservação.
“Todas as atividades que a secretaria entrega para os cidadãos serão melhoradas com os investimentos do programa Mais MT. As nossas unidades de conservação também receberão recursos para a sua implementação. É importante o cidadão entender que para uma unidade de conservação cumprir o seu papel, ela precisa estar oficialmente implementada”, afirmou a secretária de Estado de Meio Ambiente (Sema), Mauren Lazzaretti.
Do investimento previsto, R$ 45,8 milhões serão aplicados no eixo “Desmatamento ilegal zero”, que será responsável por ampliar o monitoramento e a fiscalização eficiência nas autorizações legais eficiência na responsabilização. O investimento será de R$ 45,8 milhões. No item “MT é diferente” estão previstos R$ 31 milhões em ações de combate às queimadas ilegais, ações de conservação ambiental, divulgação dos ativos ambientais, plano estruturado de comunicação ambiental. Outros recursos de R$ 4,2 milhões serão utilizados para estudos e aprovação de projetos de zoneamento socioeconômico e ecológico.
“Este investimento vem preparando o Estado para esta atividade que não se realizou nos últimos 20 anos. Será um marco, um diferencial para a política ambiental em Mato Grosso. A concretização do zoneamento ambiental é essencial para que a gente possa utilizar de forma adequada nossos recursos naturais - conciliando atividade econômica, social e meio ambiente”, concluiu a secretária.
O programa “Mais MT” conta com recursos na ordem de R$ 9,5 bilhões em investimentos públicos durante a gestão (2019-2022), que serão destinados em áreas como o meio ambiente, saúde, infraestrutura e habitação.
No Estado, a proibição foi antecipada e começou no dia 1º de julho passado. Já em outubro, o Governo de Mato Grosso publicou o decreto 659/2020 estendendo a medida até esta quinta-feira.
O ato normativo está em consonância com o decreto federal n 10.524/2020. A prorrogação levou em consideração as condições climáticas severas que favorece a propagação de incêndios florestais de grandes proporções.
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