Reforma parada
Museu está abandonado há 4 anos e sem data de reabertura
Inaugurado em 2004, o Museu Histórico do Estado de Mato Grosso passou por altos e baixos no decorrer de sua trajetória e ficou fechado por meses. Agora ele vive sua mais longa temporada sem receber público e não tem sequer previsão de reabertura.
Em 2017, o espaço foi fechado e uma reforma foi anunciada em 2019. Contudo, a revitalização está parada e o acervo segue no local, sem qualquer reparo.
“Isso é preocupante. Há raridades ali, principalmente fotos, que precisam de cuidados para conservação. É recomendado até a digitalização nesse material para que ele não se perca”, afirma o escritor Anibal Alencastro, que foi administrador do museu entre 2008 e 2010.
O escritor conta que Marli Pommot, conhecida como “guardiã da memória mato-grossense” foi quem participou da idealização e fundação do museu. Estabeleceu as salas e a configuração do museu, com a equipe da Secretaria de Estado de Esportes e Cultura de Mato Grosso. Logo após, Anibal deu continuidade ao trabalho. Marli Pommot morreu de covid-19 em 31 de dezembro de 2020.
Anibal Alencastro conta que quando assumiu a gestão do Museu, colocou uma sala de cinema no espaço, com reprodução de filmes no horário do almoço. Em homenagem à Marli também foi batizada uma sala com seu nome.
Luiz Leite
Placa foi arrancada
Organizada seguindo a ordem cronologia da história brasileira, o museu tem sala dedicada à capitania, império, história de Mato Grosso com todos os governadores e episódios importantes como a Guerra do Paraguai. Posteriormente foi coberto o espaço no pátio interno e colocada uma cafeteria no local, tornando o prédio um local de lazer e cultura.
O historiador lembra que os livros de visitação eram cheios, principalmente por conta de agendamentos de escolas, que levavam os estudantes ao local para uma aula sobre a história do estado. Estudantes de níveis superiores também frequentavam o espaço para pesquisa, além de moradores e turistas que viam ali uma opção de entretenimento.
“Eu fico muito preocupado com o material que tem lá. Tem coisas muito valiosas que estão se perdendo sem os devidos cuidados. São registros preciosos da nossa história que estão armazenados e podem se deteriorar. As fotografias amarelam e logo estragam, é preciso que sejam digitalizadas. Ali também há canhões da Guerra do Paraguai, muitos livros, maquetes, que são tesouros da nossa história”, relata.
Na avaliação do escritor falta cuidado e incentivo para que o público visite e valorize o museu. Assim como é em outras cidades, onde os museus são pontos turísticos.
Anibal Alencastro foi gestor do espaço por 3 anos
De acordo com o estudioso, o prédio do museu por si é uma obra histórica, ele marca a imigração de estrangeiros, principalmente italianos, para a região. Sua inspiração Renascentista é marco do final do século 19.
Tombado pelo Estado em 1983, sob Portaria n° 03/83, o prédio já abrigou a Tesouraria Provincial do Estado, a Biblioteca Pública Estadual (1912-1914), a Secretaria de Educação e Cultura, a Escola Barão de Melgaço (1970-1982) e a Secretaria de Estado de Turismo (1983-2003.
Reforma
Anunciada em setembro de 2019, a revitalização foi orçada em R$ 180 mil e deveria ter sido entregue em novembro, mas o projeto está parado.
Outro lado
A Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel/MT) foi procurada, questionada sobre a conclusão da reforma e encaminhou a seguinte nota:
“A reforma do Museu Histórico de Mato Grosso teve início em 2019, mas precisou ser paralisada porque o contrato terminou sem que todos os serviços fossem concluídos. Atualmente, a Secel está em processo de adesão à uma Ata de manutenção predial para concluir a reforma. Assim que a ata for assinada e formalizada, poderemos informar as datas previstas para a retomada e para a entrega da obra”.
Todo o acerto segue armazenado no prêmio.
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