Salão Jovem Arte 2021 terá exposição em memória de artistas Além dos 63 artistas e coletivos selecionados, ao Museu de Artes e Cultura Popular será reservada a exposição de artistas homenageados em memória, que ocorre entre os dias 9 e 13 de dezembro
Entre os dias 6 de outubro e 10 de dezembro, ocorre em Cuiabá a 26ª edição do Salão Jovem Arte. Este ano, a mais tradicional vitrine das artes de Mato Grosso terá exposições em três diferentes locais: na Galeria Lava Pés; no Museu de Artes e Cultura Popular (MACP-UFMT); e no Sesc Arsenal, além da possibilidade de visitação virtual.
Além dos 63 artistas e coletivos selecionados, uma exposição em especial chama a atenção. Ao Museu de Artes e Cultura Popular (MACP-UFMT) será reservada a mostra dedicada aos artistas homenageados em memória, que ocorre entre os dias 9 e 13 de dezembro, excepcionalmente. O projeto expográfico é uma parceria entre Jeff Keese e Douglas Peron. A curadoria dessa mostra em especial é assinada por Keese.
Clovis Irigaray, Regina Pena, Benedito Nunes, Adir Sodré, Magna Domingos, Marta Catunda, Nilson Pimenta, Valdivino Miranda, Marília Beatriz, Rafael Rueda e Sebastião Mendes; confira os onze homenageados na 26ª edição do Salão Jovem Arte. Acompanhe também pelo site www.discosimaginais.com .
Clóvis Irigaray
Obra da fase Xinguana, de Clóvis IrigarayCréditos: Protásio de Morais
Clóvis Irigaray é reconhecido como um dos mais expressivos nomes das artes visuais em Mato Grosso, representante legítimo da gênese da pintura moderna no Estado, ao lado de Humberto Espíndola, João Sebastião e Dalva de Barros. Seus desenhos, ao longo de sua trajetória artística, desenvolvem uma linguagem temática tão social quanto filosófica, que o torna único entre os artistas que se dedicaram à tendência indigenista da época.
Quando analisada a série Xinguana, não se pode deixar de notar o virtuosismo nos traços do artista. Mas seus desenhos hiper-realistas revelam muito mais que genialidade artística. Conceitualmente, sua arte antecipa importantes conquistas dos povos originários tendo como base de observação a sociedade da década de 1970.
Com impressionante habilidade para técnicas de desenho, Irigaray recriou cenários e deu novo sentido às imagens que ofereciam suporte à sua obra. Curioso notar que Irigaray nunca visitou uma aldeia indígena e as obras em questão foram baseadas em cartões postais, fotos de revistas e material publicitário da época. É preciso ressaltar ainda a temática das questões indígenas, intrinsecamente atreladas ao caráter visionário do artista, ao colocar o indígena em posição de protagonismo.
Sendo assim, sob a influência indigenista, Irigaray apresentou perspectivas consideradas visionárias para época. Exaltou a soberania dos povos do Xingu, os reconheceu como personagens igualitários em uma sociedade de consumo e lhes “abriu” espaços.
Regina Pena
Obra de Regina Pena, já na fase em que desenhava digitalmente
Créditos: Natália Nogueira
Outra artista presente na Exposição de Artistas Homenageados em Memória é Regina Pena, que fazia da arte uma expressão de vida. Em 2011 começou a produzir gravuras digitais e poemas e transformou as próprias limitações em novas possibilidades artísticas.
Diagnosticada com esclerose múltipla em 2006, Regina foi aos poucos aposentando as tintas e os pincéis e transferindo seus conhecimentos artísticos para novas plataformas. Começou a desenhar digitalmente com a ajuda de tablets e destacou-se como uma das grandes artistas digitais do país.
Em 2019, realizou uma exposição por meio das criações em plataformas de arte digital, com temáticas figurativas e abstratas. Os temas, além da natureza, mostravam mulheres, relacionamentos, política, metamorfoses e abstrações com geometrias e balões.
Participou de várias exposições coletivas no Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT e também promoveu exposições solo, além de lançar o livro “Voo Solo”, em 2015.
Benedito Nunes
Obra de Benedito Nunes, o Van Gogh do Cerrado
Créditos: Divulgação
Detentor de uma técnica apurada, Benedito Nunes ficou conhecido pela produção de obras que retratam a regionalidade. Uma de suas maiores inspirações era o cerrado mato-grossense, mas também pintava o cotidiano da cuiabania com maestria.
Além de o artista cuiabano ser homenageado na nova edição do Salão Jovem Arte, também é motivo de inspiração para o projeto “Benedito Nunes Tributo ao Mestre do Cerrado” - que vai retratar grande parte da caminhada do artista na consolidação de um trabalho de mais de 30 anos.
Nunes, além de ser um artista acessível e carismático, era famoso por retratar o cenário mato-grossense. Assim ficou conhecido como o Van Gogh do Cerrado, deixando sua marca na arte brasileira. Um dos mais representativos artistas da chamada "Geração 80”.
Adir Sodré
Obra do inesquecível Adir Sodré
Créditos: Divulgação
O inesquecível Adir Sodré também está na lista dos 11 homenageados em memória do 26º Salão Jovem Arte. Como diz Aline Figueiredo, "Adir é somatória, é adição".
A arte de Adir Sodré é presente para além do seu tempo de existência. Adir, um outsider, como ele mesmo se definia, foi um artista carregado de humanidade, com um potencial incontestável e tem a arte reconhecida não apenas em Mato Grosso, mas no Brasil e no mundo.
As pinturas de Adir revelam a vida cotidiana, com representações do bairro Pedregal - onde morava em Cuiabá, dos quintais cuiabanos, da estética do cerrado mato-grossense e dos elementos da cultura e da identidade cuiabana.
Apresenta também a admiração pelo pintor francês Henri Matisse, por meio das cores puras e dos elementos decorativos, em obras nas quais o erotismo é muito presente, como em Falos e Flores (1986) e Orgia das Frutas (1987).
Magna Domingos
Magna Domingos sob a ótica de Adir Sodré
Créditos: Divulgação
Outra gigante entre os onze homenageados pelo 26º Salão Jovem Arte é Magna Domingos. A doce Magna, jornalista, pós-graduada em Gestão Cultural, muito conhecida por atuar como produtora cultural, foi gestora do Instituto de Arte e Cultura "Boca da Arte" e coordenadora de Cultura no Sesi-MT e do Pavilhão das Artes, no Palácio da Instrução.
Mas há também a grandiosa atuação artística de Magna. Como artista plástica, foi premiada no Salão Jovem Arte Mato-Grossense e no Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul. Atuou nas mais diversas linguagens artísticas e culturais: música, fotografia, artesanato, teatro, artes visuais, audiovisual.
Marta Catunda
Catunda atuou por 31 anos na Universidade Federal de Mato Grosso, onde desenvolveu trabalhos comunitários, educativos e artísticos
Créditos: Divulgação
Marta Catunda também está entre as artistas homenageadas em memória. Ela atuou por 31 anos na Universidade Federal de Mato Grosso, onde desenvolveu trabalhos comunitários, educativos e artísticos com ribeirinhos, escolas, na redação de livros e catálogos ligados à arte, cultura e meio ambiente.
Como musicista e compositora, pesquisou as sonoridades ambientais e os processos de sensibilização ao meio ambiente na educação. Realizou também grandes parcerias com a amiga Tetê Espíndola.
Nilson Pimenta
Arte de Nilson Pimenta, um dos mais atuantes pintores brasileiros na arte naïf
Créditos: Divulgação
Nilson Pimenta não poderia ficar de fora dos artistas homenageados pelo 26º Salão Jovem Arte. O artista plástico foi considerado um dos mais importantes e atuantes pintores brasileiros na arte naïf.
Ele participou de várias exposições coletivas e individuais, nos mais importantes museus e galerias do Brasil e do exterior, como a “Primitivos de Mato Grosso” no Museu de Arte de São Paulo em 1980; a “Brasil/Cuiabá: Pintura Cabocla”, nos museus de Arte Moderna no Rio de Janeiro e em São Paulo, e na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, em 1981.
Em 1988, participou também da “Negra Sensibilidade”, exposta no Museu de Arte e de Cultura Popular, em Cuiabá. A arte de Nilson foi parar até na galeria de Londres, com a exposição “Naïve Paintings of Far-Western Brazil”, em 2006.
Valdivino Miranda
Obra de Valdivino Miranda
Créditos: Divulgação
Desde muito jovem, Valdivino nutria a paixão pela pintura. Em 1990, começou a trajetória profissional, depois de frequentar o Ateliê Livre, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde aprendeu com artistas mais experientes, sob a orientação de Nilson Pimenta. Seus trabalhos de maior destaque expressam visualmente elementos zoomorfizados.
Sua trajetória é marcada por participações em exposições de grande relevância no Brasil, levando consigo o nome de Mato Grosso. Reconhecido em inúmeros prêmios regionais, nacionais e internacionais, Valdivino Miranda, ao longo da carreira, participou de diversas exposições e bienais do circuito nacional, entre elas a Bienal Naïfs do Brasil, de Piracicaba (SP), edição de 2010. Foi premiado no XIX Salão Jovem Arte Mato-grossense, em 2000, e teve três pinturas selecionadas na edição 2013 do Salão de Arte de Mato Grosso, sendo elas: “Amor de peixe”, “Amamentação do ser marinho” e o “Beijo do polvo”.
Marília Beatriz
Marília Beatriz deu grandes contribuições nas áreas de educação, comunicação, artes e cultura
Créditos: Divulgação
Graduada em Direito e mestre em Comunicação e Semiótica, Marília Beatriz deu grandes contribuições nas áreas de educação, comunicação, artes e cultura no estado. Atuou como advogada, escritora, teatróloga e professora, sendo uma das fundadoras da Universidade Federal de Mato Grosso. Desde 2015, era membro da Academia Mato-grossense de Letras (AML), ocupando a cadeira 02.
Em sua produção literária, Marília escreveu livros e artigos, organizou obras artísticas e literárias, e recebeu honrosos prêmios e distinções por sua contribuição à cultura e às artes. Dentre suas obras literárias estão: O mágico e o olho que vê (Edufmt, 1982); De(Sign)Ação: arquigrafia do prazer (Annablume, 1993); e Viver de Véspera (Carlini e Caniato, 2018).
Rafael Rueda
Obra de Rafael Rueda, um dos expoentes da escola abstracionista em Mato Grosso
Créditos: Divulgação
Artista plástico, autodidata, reconhecido nacional e internacionalmente, Rafael Rueda foi um expoente da escola abstracionista, ele expôs em Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Ele pintou quadros abstratos de 1988 até o ano de 2020 e foi o primeiro a fugir da pintura cabocla e integrar o núcleo de artistas dessa corrente artística.
Já expôs na UFMT, Chapada dos Guimarães, Pontifícia Universidade Católica São Paulo, Salão Jovem Arte Mato-grossense, Museu de Arte Contemporânea, Campo Grande (MS), Sociedade Brasileira de Belas Artes - Rio de Janeiro (RJ).
Sebastião Mendes
Obra de Sebastião Mendes, com traços do expressionismo figurativo e exagero nas formas
Créditos: Divulgação
As pinceladas do óleo sobre a tela trazem os traços do expressionismo figurativo e o exagero nas formas trabalhadas. Dono de pinceladas com traços exibicionistas e figurativos, o sucesso das telas tem uma explicação lógica e simples: elas retratam o cotidiano. Trata-se de uma linguagem bem do Brasil interiorano, que retrata os costumes, as brincadeiras, o cotidiano do povo. Principalmente, do povo mato-grossense.
Sua estreia profissional foi aos 16 anos, quando fez sua primeira exposição. Depois, foi ao Rio de Janeiro para se aproximar dos grandes artistas da época. O artista tem obras espalhadas por acervos em todas as partes do globo, sendo desde o quadro “Mato Grosso – Nossas Raízes, Nossa Cultura”, entregue na reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso, em 1995, a duas pinturas para a Prefeitura de Malgrat del Mar, em Barcelona (Espanha).
Hoje, suas obras estão em acervos de colecionadores e museus de diversos países da Europa, nos EUA, Japão, China, Rússia e no Brasil. Ocupa a 3ª cadeira da academia Brasiliense de arte, desde 2007
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