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Ciência/Pesquisa
Sábado - 06 de Novembro de 2021 às 07:19
Por: Ashley Stricklandda CNN

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M. Kornemesser
Representação artística mostra uma distante galáxia em formação de estrelas, a mais de 12 bilhões de anos-luz de distância
Representação artística mostra uma distante galáxia em formação de estrelas, a mais de 12 bilhões de anos-luz de distância

Nós realmente somos feitos de poeira estelar, como disse uma vez o astrônomo Carl Sagan. A famosa frase confirma uma descoberta inédita da astronomia.

Pela primeira vez, astrônomos detectaram um elemento encontrado em nossos dentes em uma galáxia muito distante – localizada a mais de 12 bilhões de anos-luz.

O elemento é o flúor, que pode ser encontrado em nossos ossos e dentes.

“Todos nós sabemos sobre o flúor porque a pasta de dente que usamos todos os dias contém flúor”, disse o principal autor do estudo, Maximilien Franco, pesquisador de pós-doutorado em astrofísica da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, em um comunicado.

“Nem sabíamos que tipo de estrela produzia a maior parte do flúor no Universo!” Os elementos encontrados em nosso sistema solar, na Terra e até em nossos próprios corpos se originaram dentro dos núcleos das estrelas, que os liberaram em explosões estelares.

No entanto, o mistério de como o flúor foi criado dentro dessas estrelas persiste. Os pesquisadores usaram telescópios no Chile para fazer a detecção de flúor na galáxia.

Origens

O flúor estava presente como fluoreto de hidrogênio nas nuvens de gás da galáxia NGP-190387. A luz dessa galáxia viajou mais de 12 bilhões de anos para chegar até nós, então, os astrônomos veem a galáxia como ela surgiu, quando o universo tinha apenas 1,4 bilhão de anos.

As estrelas que liberaram flúor em todo o universo provavelmente viveram rápido e morreram jovens, disseram os pesquisadores, o que aponta estrelas Wolf-Rayet como sua provável origem.

Estrelas Wolf-Rayet

Essas estrelas evoluídas são incrivelmente massivas, mas só sobrevivem por alguns milhões de anos – uma linha do tempo curta quando comparada com os 13 bilhões de anos de existência do nosso universo.

Apenas algumas estrelas massivas evoluem para Wolf-Rayets à medida que se aproximam do fim de suas vidas. Este estágio dura algumas centenas de milhares de anos, mas, na vida de uma estrela, isso é muito pouco.

Apenas uma a cada 100 milhões de estrelas tem massa suficiente para ser uma Wolf-Rayets.

Anteriormente, os pesquisadores pensavam que as estrelas com essa classificação eram as fontes prováveis de flúor, e esta detecção direta confirma isso.

“Nós mostramos que as estrelas Wolf-Rayet, que estão entre as estrelas mais massivas conhecidas e podem explodir violentamente ao chegarem ao fim de suas vidas, nos ajudam, de certa forma, a manter uma boa saúde bucal”, disse Franco.

Um estudo detalhando essas descobertas foi publicado nesta quinta-feira (5) na revista Nature Astronomy.

O flúor e o universo primordial

Outras fontes potenciais de flúor que os cientistas consideraram incluem estrelas pulsantes com massa algumas vezes maior que a do nosso sol.

Mas a evolução desses corpos celestes ocorre ao longo de bilhões de anos, o que demoraria muito e não explicaria a quantidade de flúor detectada na galáxia distante.

“Para esta galáxia, levou apenas dezenas ou centenas de milhões de anos para ter níveis de flúor comparáveis aos encontrados nas estrelas da Via Láctea, que tem 13,5 bilhões de anos. Esse foi um resultado totalmente inesperado”, disse o coautor do estudo, Chiaki Kobayashi, um professor da Universidade de Hertfordshire, em um comunicado.

“Nossa medição adiciona uma restrição completamente nova à origem do flúor, que foi estudada por duas décadas.”

Encontrar flúor em uma galáxia tão distante expande o alcance desse elemento. Antes dessa descoberta, ele só havia sido detectado em nossa galáxia, a Via Láctea, e suas vizinhas, bem como em alguns quasares distantes, ou objetos celestes brilhantes que são alimentados por motores de buracos negros supermassivos no centro de algumas galáxias.

Mas essa detecção coloca o flúor como um elemento que existia no início do universo.

Os pesquisadores estão ansiosos para observar a galáxia usando o Extremely Large Telescope, atualmente em construção no Chile e que deve iniciar as observações em 2027, o que pode revelar mais detalhes sobre a NGP-190387 e seus mistérios.

(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)





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