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Politica Brasil
Segunda - 30 de Julho de 2012 às 20:11
Por: Gabriela Lima

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A empresária Andressa Mendonça, 30 anos, tornou-se "mensageira do grupo criminoso" do marido, o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos , o Carlinhos Cachoeira, de acordo com o Ministério Público Federal em Goiás. A informação foi dada pelo procurador Daniel Resende Salgado, que concedeu entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (30).

Andressa é suspeita de ter tentado chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo na Justiça Federal, que culminou na prisão do bicheiro em fevereiro. Nesta segunda, ela foi ouvida sobre essa suspeita pela Polícia Federal.

"A ousadia da companheira de Carlinhos Cachoeira ao chantagear e ofertar vantagem ao juiz federal, somada às galhofas observadas durante a audiência, mostra o desprezo e a afronta de Carlos Augusto de Almeida Ramos e de pessoas ligadas ao capo do grupo criminoso aos órgãos de persecução e ao poder judiciário. A gravidade do fato é latente, uma vez que a chantagem a um magistrado, no exercício de suas atribuições, com o escopo de pressioná-lo a decidir conforme os interesses do preso, é uma afronta ao próprio Estado Democrático de Direito. É fato inadmissível e que deve ser neutralizado, de forma rigorosa, pelas agências formais de controle", afirmou o procurador.

Na entrevista, Daniel Resende Salgado disse que a organização denunciada pela Operação Monte Carlo continua atuando e afirmou: "É plenamente possível ele [Cachoeira] comandar o grupo, mesmo preso, através dela".

Inquéritos
Suspeita de tentar chantagear o juiz federal responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, Andressa é investigada em dois inquéritos abertos pelo MPF. De acordo com a procuradora Léa Batista, que também participou da entrevista coletiva, serão apurados os crimes de corrupção ativa, em um dos inquéritos, e lavagem de dinheiro, em outro.
 

Procuradores Léa Batista e Daniel Salgado durante entrevista coletiva, em Goiânia (Foto: Gabriela Lima/G1)
Procuradores Léa Batista e Daniel Salgado durante
entrevista coletiva no MPF (Foto: Gabriela Lima/G1)



Na última sexta-feira (27), os procuradores instauraram apuração da denúncia de corrupção ativa, após denúncia feita pelo juiz federal Alderico Rocha Santos. Por causa da tentativa de chantagem, Andressa está proibida de visitar Cachoeira na prisão, de entrar no prédio da Justiça Federal e ter qualquer contato com os demais envolvidos na Operação Monte Carlo.

Em ofício enviado ao MPF, Santos relatou o encontro com Andressa, na última quinta-feira (26). Ele afirma ter recebido a esposa de Cachoeira após muita insistência. De acordo com o documento, a tentativa de constrangimento tinha como objetivo "obter decisão revogando  a prisão preventiva e absolvição" de Carlinhos Cachoeira.

O G1 tentou falar com Andressa Mendonça, por telefone, mas não obteve retorno. A equipe de reportagem do G1 também foi à casa onde ela mora atualmente, em um condomínio de luxo em Goiânia, mas o segurança informou que ela não estava. Os advogados de Cachoeira também não foram localizados até a publicação desta reportagem.

Esclarecimentos
Andressa Mendonça prestou esclarecimentos à Polícia Federal, em Goiânia, nesta segunda-feira (30). De óculos escuros e expressão triste, ela deixou a sede da PF, por volta das 12h15, acompanhada de um advogado. Ela tem prazo de três dias para pagar fiança no valor de R$ 100 mil, estipulada pela PF. De acordo com o delegado Sandro Paes Sandre, ela é suspeita de chantagear o juiz Alderico Rocha Santos. Conforme determinação da polícia, ela também não poderá ver o marido.

“Se for comprovada a oferta, ela pode pegar de 2 a 12 anos de reclusão pelo crime de corrupção ativa e ficará presa na PF”, esclarece o delegado Sandre.

Na quarta-feira (25), o MPF já aberto inquérito para investigar o suposto uso do nome da mulher do contraventor como laranja na compra de uma fazenda em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, no valor de R$ 20 milhões, correspondente ao crime de lavagem de dinheiro.

Chantagem
Em entrevista ao G1, na manhã desta segunda-feira, o juiz Alderico Rocha contou que Andressa o procurou na quinta-feira (26), afirmando que teria um dossiê contra o magistrado e, em troca da não-publicação, teria pedido um alvará de soltura para Cachoeira.

Alderico Rocha foi quem conduziu a audiência, na semana passada, do processo referente à Operação Monte Carlo. O contraventor e mais sete são réus na ação penal. Todos ficaram em silêncio na audiência.

A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Andressa Mendonça, e a conduziu à sede da superintendência da Polícia Federal . Durante cerca de três horas, ela prestou esclarecimentos em cumprimento a um mandado de condução coercitiva expedido pela Justiça Federal.





Fonte: Do G1 GO

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