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Domingo - 27 de Março de 2022 às 10:24
Por: Eduardo Gomes/Diário de Cuiabá

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O governador Mauro Mendes e o presidente Jair Bolsonaro: tendência da composição na disputa eleitoral
O governador Mauro Mendes e o presidente Jair Bolsonaro: tendência da composição na disputa eleitoral

Mato Grosso é bolsonarista. Mais ainda do que em 2018, quando o presidente era deputado federal do baixo clero, pelo Rio de Janeiro, e pregava o fim da corrupção e o combate à esquerda.

No segundo turno daquela eleição Jair Bolsonaro (então PSL) recebeu 1.085.824 votos mato-grossenses, o equivalente a 66,42% da votação, ao passo que Fernando Haddad (PT) cravou 549.001, ou 33,58%.

Quatro anos depois, o governador Mauro Mendes (UB) tentará a reeleição, mas num quadro diferente daquele quando se elegeu ao cargo em primeiro turno, num pleito onde o eleitor não condicionava o voto para presidente ao de governador.

Bolsonaro, com seus tropeços e acertos, tem seguidores fanáticos que justificam com o fim os erros no meio e, isso, terá reflexo positivo junto aos candidatos que o apoiarem.

O governante terá duplo desafio: superar Carlos Fávaro (PSD) e convencer seu grupo a aceitar uma dobradinha com Wellington Fagundes (PL) ao Senado, para cativar o bolsonarismo e tapar o inevitável rombo eleitoral que acontecerá com a ruptura com Fávaro, que foi seu aliado na eleição anterior.

No apagar das luzes para a definição das filiações e desincompatibilização, tudo está sendo decidido, mas longe do eleitor, que recebe somente a informação que interessa ao político.

Não será surpresa se o cenário atual for mantido, nem se houver mudança, pois no dicionário da política a palavra fidelidade não existe.

Eleições gerais em Mato Grosso, quando vistas com amplitude, deixam claro que não há grupos divergentes dentre aqueles que estão ou estiveram no poder.

Elas não passam de tabuleiro onde as peças se movimentam ou são movimentadas.

Não há lógica partidária nesse ambiente.

É isso que a história mais recente dos pleitos nos mostra.

Em 2008, Mauro Mendes pelo PSB e tendo Verinha Araújo (PT) de vice, disputou e perdeu para prefeito de Cuiabá.

Em 2014, Wellington Fagundes (PR) venceu a disputa ao Senado, numa chapa com o primeiro suplente Jorge Yanai (PMDB) e Manoel Motta (PCdoB), segundo.

O deputado federal Neri Geller (PP) foi suplente à Câmara dos Deputados pelo PSDB de Dante de Oliveira; e secretário de Política Agrícola e ministro da Agricultura no Gverno da petista Dilma Rousseff.

O senador Carlos Fávaro (PSD), então filiado ao PP, foi vice-governador de Pedro Taques (PDT e PSDB) e mais tarde migrou para o PSD de Gilberto Kassab.

Em algum lugar do passado, todos estiveram juntos e poderão repetir essa união, ou no mesmo partido ou por meio de federação, por mais que se apresentem no momento enquanto adversários uns dos outros.

Não se pode descartar reagrupamento político nas eleições de outubro.

A bancada de sustentação de Mauro Mendes na Assembleia, em quase toda sua composição, é próxima desse ou daquele cacique, o que poderá minar seu apoio nos moldes em que o recebe em plenário.

O secretariado estadual não é aquilo que se pode chamar de bom de voto; quem mais se destaca é Silvano Amaral, suplente de deputado estadual pelo MDB e umbilicalmente ligado a Carlos Bezerra, que dirige o partido com mão de ferro e o leva para onde quer.

Porém, os secretários cumprem à risca seu papel político, como demonstra Mauro Carvalho, que acaba de deixar a chefia da Casa Civil para coordenador o UB ou, até mesmo, compor, enquanto suplente, a chapa ao Senado que dobrar com o governador.

Sobre a possibilidade dessa candidatura, Carvalho despista, mas sem desconsidera-la, levando-a ao campo da espiritualidade: "o futuro a Deus pertence".

Compor com Wellington é o melhor caminho para Mauro Mendes, avaliam analistas.

Melhor pelo padrinho Bolsonaro, e também porque, junto com o senador, subiria ao seu palanque a tropa de choque bolsonarista que tem em sua maior expressão os deputados federais Nelson Barbudo e José Medeiros, e ainda ganha o reforço de Emanuel Pinheiro Neto (ex-PTB), todos filiados ao PL; e os deputados estaduais não menos fanáticos pelo presidente: Gilberto Cattani, Delegado Claudinei e Elizeu Nascimento, além de Ulysses Moraes, que já não aguenta mais esperar a hora de botar o jamegão numa ficha de filiação do PL, e de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em delírio por aquele que chamam de Mito.

Wellington sempre está aberto ao diálogo, e mais ainda agora, com o aparente isolamento que sofria, até que Valdemar Costa Neto levou Bolsonaro para o PL.

Para ele, Mauro Mendes seria a segunda tábua da salvação, pois a primeira é o presidente.

Para o governador esse casamento político seria o negócio da China, aproveitando o jargão comercial já que estamos no Estado cuja economia rural tem destino certo aos portos dos mandarins.

Antes dos indicativos da filiação de Bolsonaro o PL em Mato Grosso murchava.

O partido não tinha deputado federal nem estadual, não controlava nenhuma prefeitura de grande município e, em Rondonópolis, a cidade de Wellington, sequer tinha vereador há algumas legislaturas.

Com o sim do presidente, o senador ganhou força política e botou as cartas na mesa.

Mauro Mendes ao Governo repetindo Otaviano Pivetta de vice – como se comenta – seria uma chapa forte, independentemente do partido a que Pivetta venha a se filiar.

Tanto um quanto outro evita falar na composição dessa dobradinha.

Pivetta não diz abertamente que seria o companheiro de Mauro Mendes, mas, com todas as letras, admitiu que esse o convidou.

Mauro Mendes não costuma antecipar seus próximos passos políticos, mas nos últimos dias critica adversários, sobretudo o prefeito Emanuel Pinheiro.

Para reforçar a convicção sobre a dobradinha Mauro Mendes/Pivetta, na noite da terça-feira (22) o prefeito de Lucas do Rio Verde (354 km ao Norte de Cuiabá), Miguel Vaz (Cidadania), fugiu do tema agronegócio, na abertura do Show Safra BR-163, para pedir que os dois se candidatassem.

Vaz foi aplaudido por produtores rurais da região, que participavam do evento.

O posicionamento do prefeito também era endereçado a Fávaro e Neri, ambos residentes naquele município; Neri costura seu nome ao Senado há muito tempo.

Pivetta foi prefeito de Lucas em três mandatos e, num deles, Vaz foi seu vice.

Com Wellington ao Senado, surgiria uma frente situacionista fortalecida, mas sem que essa força se traduza em vitória garantida em outubro, pois do outro lado da disputa a crença na vitória é muito grande.

QUÊ E CALO - Tanto Neri quanto Mauro Mendes fazem questão de destacar que se dão muito bem.

Essa química entre eles poderia torná-los companheiros de palanque, mas há um quê.

O deputado federal reside em Lucas do Rio Verde, a cidade de Pivetta e com o qual tem divergência política.

Um abraço de Mauro Mendes a Neri significaria o fechamento de todas as portas entre o governador e o vice, e a hipótese desse casamento nos palanques fica ainda mais distante, pois o nome aoGgoverno no grupo de Neri será Fávaro, também de Lucas e não menos avesso ao vice.

Por exclusão, Mauro Mendes teria que bater à porta de Wellington, mas entre eles há um calo que ficou como sequela da eleição de 2018, quando os dois concorreram ao Governo.

O jogo duro de ambos os lados na campanha criou arestas para o senador junto ao grupo do governador.

Pela máxima de que política é a arte de engolir sapo, o governador poderá subir abraço com Wellington ao palanque.





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