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Politica Brasil
Quarta - 25 de Julho de 2012 às 19:50

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Apontado como laranja do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Gleyb da Cruz chorou durante depoimento nesta quarta-feira à Justiça Federal em Goiás. Ele fez, em suas próprias palavras, "um desabafo" sobre a "humilhação" que vem sofrendo junto com sua família por ter "amizade com uma pessoa que é pública", referindo-se ao contraventor.

"Vendo o que tem acontecido desde o início, eu não creio que o Ministério Público queira desvendar a verdade. Eu fui tirado da minha casa cinco meses atrás. Foi me imputado prisão preventiva", disse.

"Só entendo que aprendi que não há justiça dentro da Justiça", afirmou o réu, com a voz embargada. Gleyb chorou ao relatar o período em que ficou detido "tendo de conviver com marginais, estupradores, traficante". "Eu não tenho em quem acreditar, porque meu dia tem sido se eu penso que vale a pena viver ou não. Minha esposa, quando vai me visitar, tem de passar por humilhação", relatou.

Direito de ficar em silêncio
Gleyb da Cruz, a exemplo dos demais réus no processo originário da operação Monte Carlo da Polícia Federal, usou o direito de permanecer calado sobre as questões pertinentes ao seu suposto envolvimento na quadrilha de Carlinhos Cachoeira.

Lenine Araújo de Souza, Wladimir Garcez, Carlinhos Cachoeira, Idalberto Matias de Araújo, José Olímpio de Queiroga Neto e Raimundo Washington de Queiroga e Sousa também não falaram em juízo.

Eles responderam a perguntas triviais, obrigatoriamente feitas pelo magistrado, mas, quando interrogados sobre participação na quadrilha de jogos ilegais, preferiram manter o silêncio. Após a oitiva das testemunhas, o juiz federal Alderico Rocha Santos concedeu 20 minutos para que cada réu conversasse com seus clientes.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.





Fonte: Terra

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