Bolsonaro insiste na ideia golpista com "adesão" das Forças Armadas O presidente voltou a falar em público e retornou com o mesmo discurso de estímulo ao autoritarismo e à intervenção militar.
O presidente Jair Bolsonaro é um egoísta militante, pensa só em si, só nos seus interesses pessoais e políticos. Com denodo e sem nenhum pudor, usa e abusa de qualquer instrumento na defesa da sua ideia autoritária de viés totalitário. Usou e abusou da religião, da fé das pessoas; das mentiras repetidas de fatos fabricados; estimulou a truculência contra adversários e a crença no mito da superioridade moral dos militares em relação aos civis.
Bolsonaro passou 37 dias depois da derrota na eleição sem abrir a boca. O silêncio foi a opção escolhida pelo falante incessante. No último dia 10 de dezembro, vale lembrar, o presidente voltou a abrir a boca para falar mais do mesmo: o golpismo que mastigou quatro anos. Primeiro, como egoísta militante, se fez de vítima e disse que a reclusão, gesto que ele mesmo escolheu para digerir a derrota eleitoral, “dói na alma”.
"Estou praticamente há quarenta dias calado, não é fácil. Dói, dói na alma. Sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando minha vida no meio do povo, como arrisquei em Juiz de Fora em setembro de 2018", disse, lembrando a facada que levou durante a campanha eleitoral quatro anos atrás.
O apelo ao sentimento de solidariedade vale só para ele. Bolsonaro nunca demonstrou qualquer sentimento de solidariedade com a dor dos outros, com a dor dos brasileiros que tiveram amigos e familiares mortos pela Covid. Simples assim: para a facada que levou exige sentimentos, para as vítimas da covid dedicou o deboche explícito. Um exemplo emblemático do seu caráter, do seu egoísmo militante.
No plano autoritário, o sentimento golpista emergiu novamente: Bolsonaro abriu a boca para reforçar o desprezo pela democracia, contra o estado democrático de direito.
"Hoje, estamos vivendo um momento crucial, uma encruzilhada. Quem decide o meu futuro são vocês, quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês, quem decide para onde vai a Câmara e o Senado são vocês", afirmou Bolsonaro.
Mentira, as Forças Armadas não controlam constitucionalmente as Forças Civis. O apelo à intervenção militar é um ataque à democracia. Uma declaração perigosa, demonstrando que Bolsonaro continuará, mesmo depois do fim do mandato, estimulando o golpismo. Insinuou inclusive que alguma trama estaria “acontecendo”. A teoria da conspiração tem um forte apelo de comunicação para os bolsonaristas. Acreditam em tudo que é dito por Bolsonaro.
O presidente derrotado na reeleição, mais uma vez, não reconheceu abertamente a sua derrota nas urnas e nem parabenizou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, assumiu a responsabilidade por "erros" - que não especificou - e pediu a seus apoiadores para não o criticarem "sem saberem tudo o que está acontecendo".
"As decisões, quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas. Mas quando elas passam por outros setores da sociedade são mais difíceis e devem ser trabalhadas. Se algo der errado é porque eu perdi a minha liderança. Eu me responsabilizo pelos meus erros. Mas peço a vocês: não critiquem sem ter certeza absoluta do que está acontecendo".
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