Desmatamento no bioma faz 8 regiões perderem em superfície de água Maior planície alagada, bioma foi o que mais sofreu no país, com uma redução de 81,7%, em 30 anos
Entre 1985 e 2022, o Brasil perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água.
Maior planície alagada, o Pantanal foi o bioma que mais sofreu no país, atingindo uma redução de 81,7% no período de 30 anos.
Em Mato Grosso, o solo pantaneiro é um dos mais ameaçados.
O cenário é apontando em um levantamento feito pelo MapBiomas Água, iniciativa multi-institucional que envolve universidades, organização não governamental (ongs) e empresas de tecnologia, focado na conservação e manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas.
Em nível nacional, a série histórica aponta que houve uma recuperação de 1,7 milhão de hectares (10%) em relação a 2021, ano de menor superfície.
O ano passado foi o primeiro, desde 2013, em que a superfície de água no Brasil ultrapassou a barreira dos 16 milhões de hectares.
Contudo, segundo o levantamento, mais de dois terços (70%) dos municípios brasileiros tiveram redução de superfície de água nas últimas três décadas.
Oito das 20 cidades com maiores percentuais são do Estado, sendo que Cáceres (-173.207 ha), Poconé (-78.886 ha), Barão de Melgaço (-14.394 ha) e Vila Bela da Santíssima Trindade (-10.245 ha) estão entre os primeiras do ranking.
As demais são Gaúcha do Norte, Querência, Cocalinho e Santo Antônio de Leverger.
Essa tendência de redução da água pantaneira representa perigo para a flora da região, a fauna e comunidades tradicionais locais, assim como a onça pintada, um dos maiores símbolos do Pantanal.
Entre os principais motivos da seca crescente, está o desmatamento, uma vez que a área desmatada ao redor das nascentes e ao longo dos rios contribui para a questão do assoreamento e na qualidade da água no geral.
Só em 2022, Mato Grosso teve uma redução de 33% da superfície de água, ficando atrás somente do vizinho Mato Grosso do Sul, onde a retração foi de 34%.
Mas, segundo o MapBiomas, o ano passado trouxe um pouco de alívio: a superfície de água no Brasil ficou 1,5% acima da média da série histórica, que tem início em 1985, ocupando 18,22 milhões de hectares, ou 2% do território nacional.
Ainda no ano passado, a superfície de água anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018.
Apesar disso, o bioma passa por um período seco: a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1%.
O Pampa também registrou queda de -1,7% em relação a média, alcançando a menor área de superfície de água de toda a série histórica.
Todos os demais biomas ganharam superfície de água em 2022: Cerrado (+11,1%), Amazônia (+6,2%), Caatinga (+4,9%) e Mata Atlântica (+1,9%).
Entre os estados, Mato Grosso (-48%), Mato Grosso do Sul (-23%) e Paraíba (-12%) também vão na contramão do ganho de superfície de água registrado na maioria dos estados em 2022.
“Apesar do sinal de recuperação que 2022 representou, a série histórica aponta para uma tendência predominante de redução da superfície de água no Brasil”, alerta Carlos Souza, coordenador do mapeamento do MapBiomas, por meio da assessoria.
“Todos os anos mais secos da série histórica do MapBiomas ocorreram nesta e na última década. O intervalo entre 2013 e 2021 engloba os 10 anos com menor superfície de água, o que torna essa última década a mais crítica da série histórica”, completa.
Todos os biomas perderam superfície de água entre 1985 e 2022, com destaque para o Pantanal, onde a retração foi de 81,7%.
Em segundo lugar vem a Caatinga, que já é o bioma mais seco do país e que perdeu quase um quinto de sua superfície de água (19,1%).
Mata Atlântica (-5,7%), Amazônia (-5,5%), Pampa (-3,6%) e Cerrado (-2,6%) também ficaram mais secos.
A redução do Pantanal fez com que Mato Grosso do Sul ocupasse a liderança entre os estados com maior perda de superfície de água.
A retração de superfície de água foi de 781.691 hectares, ou 57%.
Segundo o MapBiomas, a tendência de perda de superfície de água foi notada na maioria das bacias e regiões hidrográficas do país.
Quase três em cada quatro sub-bacias hidrográficas (71%) perderam superfície de água nas últimas três décadas.
E mesmo com o aumento geral da superfície de água no país em 2022, um terço (33%) delas ficaram abaixo da média histórica no ano passado.
Em alguns casos, como o da bacia do Araguaia-Tocantins, o ganho de superfície de água está associado a hidrelétricas.
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