Acusados da 'Chacina La Mané' serão julgados 22 anos depois
Mandante e pistoleiro do crime que ficou conhecido como “Chacina La Mané”, há 22 anos, enfrentam júri popular nesta terça-feira (18), em Cuiabá. Clébio José Machado, 46, é acusado de ter mandado Marquessimedice Corrêa dos Santos, 40, o Marcos ou Marquinho, e um cúmplice matarem o pai, a madrasta, o irmão e o primo.
O ataque, na noite do dia 8 de abril de 2001, deixou 3 mortos, entre eles as crianças de 8 e 11 anos. Manoel Sebastião de Lima, 45, foi executado com 9 disparos, o filho Manoel de Lima Júnior, 8, foi alvejado com 7 tiros e agonizou por horas antes de morrer. O primo dele, José David Rodrigues de Lima, 11, foi morto com 4 tiros.
A única sobrevivente, Ivone Socorro da Silva, na época com 30 anos, foi alvejada com 9 disparos e a pedido do filho, que ainda estava consciente, peregrinou por horas até chegar a um posto de combustível, às margens da BR-364, onde pediu ajuda. Ficou hospitalizada por 10 dias e depois de sofrer ameaças mudou de Mato Grosso.
Ivone é vítima e também a principal testemunha do julgamento e graças ao emprenho dela é que o crime não prescreveu. Os réus estão em liberdade. “Às vezes penso que era melhor ter morrido naquela noite e não um pouquinho a cada dia”, desabafa a mulher que perdeu o companheiro e o único filho.
Ainda se lembra quando o pequeno Manoel, já ferido, deitado ao lado do pai e do primo mortos, pediu que ela saísse em busca de ajuda, para chamar o avô. Por estar com ferimentos na cabeça, pescoço, ombros e nos dois braços, ela não conseguiu carregar a criança e prometeu que voltaria. Foi a última vez que viu eles, pois depois de socorrida ficou 4 dias em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e não conseguiu sepultar a família.
Hoje, em decorrência das sequelas, perdeu a força e mobilidade das mãos e recebe um salário mínimo da Previdência Social. Depois de ter suspensa a escolta policial em decorrência de ameaças sofridas, não teve alternativa senão mudar do Estado.
Mais recentemente, pelo fato do processo não avançar, contratou a advogada Gleice Hellen Costa Leite de Brito e arcou com os custos da digitalização do processo. A partir de uma denúncia junto à Corregedoria do Tribunal de Justiça, o processo entrou para a pauta do júri.
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