Juiz cita “gravidade” de crimes e mantém prisão de empresário Bruno Rossi é apontado como um dos mandantes do açoitamento de devedores; ele foi preso este mês
O desembargador José Zuquim Nogueira, da Segunda Câmara Criminal de Cuiabá, negou o habeas corpus que pedia a liberdade do empresário Bruno Rossi, preso no último dia 20 de setembro, alvo da Operação Piraim. A decisão é de sábado (23).
Bruno e o comerciante de joias Rafael Geon – preso e solto dias depois - são apontados como sendo mandantes da ação de um grupo que agrediu com chicotes ao menos um devedor.
Um dos episódios foi gravado e veio à tona em agosto. A agressão aconteceu em plena luz do dia, na Avenida Miguel Sutil, na Capital.
Bruno Rossi afirmou ao desembargador que a sua prisão estaria “desprovida de fundamentação idônea”, porque, segundo ele, as investigações policiais não “demonstram o envolvimento dele com a prática delituosa”.
Ainda apontou que a eventual soltura não colocaria “em risco à ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal”.
Os argumentos, no entanto, não convenceram Zuquim. O desembargador apontou que o pedido de prisão preventiva foi fundamentada em “prova da materialidade dos crimes e dos indícios suficientes de autoria delitiva”.
O desembargador ainda citou a “gravidade concreta”, se referindo às agressões, supostamente praticadas a mando de Bruno.
“Em que pese os argumentos expostos na impetração, verifica-se que a custódia cautelar do paciente encontra-se devidamente justificada e mostra-se necessária especialmente para a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal, em razão da gravidade concreta do delito supostamente cometido associada aos indícios da autoria e a materialidade do crime”, argumentou.
“Justiceiros”
A Operação Piraim, deflagrada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), foi deflagrada para cumprir seis mandados de prisão e cinco de busca e apreensão, em Cuiabá.
Além dos empresários, tiveram mandado de prisão expedidos os agressores Guilherme Augusto Ribeiro, o "Japão"; Benedito Luiz Figueiredo de Campos, o "Dito"; José Augusto de Figueiredo Ferreira, o "Sapo"; e Sérgio Silva Cordeiro.
Em vídeo circulada nas redes sociais mostra uma vítima sendo chicoteada. Segundo a polícia, receosa pela sua integridade física e de seus familiares, ela chegou a isentar os cobradores no dia em que eles foram conduzidos à delegacia.
A vítima, um empresário cuiabano, permaneceu por horas em poder dos cobradores sendo agredido. “As ações foram registradas com a finalidade de humilhar e difundir o modo de execução do crime com o anseio de assumirem um papel de justiceiros”, explicou o delegado Guilherme de Carvalho Bertoli.
Segundo a Polícia, os quatro cobradores foram os executores das agressões contra a vítima e agiram a mando dos investigados Rafael e Bruno. Eles receberiam comissões caso conseguissem receber as dívidas.
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