Nova espécie de ingá é descoberta por pesquisadores de MT A Inga micronectarium foi descoberta em uma área de garimpo no município de Aripuanã. Segundo os pesquisadores, a nova espécie já está ameaçada de extinção após uma análise de conservação.
Uma nova espécie de ingá foi identificada e descoberta por pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat). A espécie foi encontrada em uma área de garimpo em Aripuanã, 976 km de Cuiabá, e também foi vista em dois municípios do Pará. A descoberta entrou para uma das maiores revistas do mundo de filotaxia, ramo da botânica responsável pelo estudo e determinação da ordem com que as entidades botânicas se distribuem no espaço.
A descoberta veio dos professores José Martins Fernandes e Célia Regina Araújo Soares, do Herbário da Amazônia Meridional, do campus de Alta Floresta (MT) e pelo doutorando Dennis Rodrigues da Silva, do campus de Nova Xavantina. A descoberta faz parte do projeto "Ingás de Alta Floresta".
Com a nova espécie, o grupo dos ingás sobe pra 308 espécies. A professora Célia Regina explicou que durante os estudos é feita a análise de conservação e que a nova espécie já se encontra em extinção.
"Esse material que a gente encontrou em Aripuanã foi em uma área de mineração. Então quando a gente faz a análise de conservação para saber o status, é levado em conta tanto o número de indivíduos coletado numa área e o que traz de influência que pode acarretar o perigo dela entrar em extinção ou não", disse.
Nova espécie Inga micronectarium foi descoberta por pesquisadores de Mato Grosso — Foto: Reprodução
De acordo com o pesquisador José Martins, as espécies são usadas para madeira, construção e sistemas agrícolas.
"Ela tem a estrutura de todas as espécies de ingá, tem nectários entre os pares de folíodos e eles são pequenos, tem entre 0,4 e 1 mm de largura. Ela já se encontra em perigo, já é ameaçada de extinção. Ela foi encontrada em uma região com intenso desmatamento, corte de madeira, queimadas para pastagem. Então ela está ameaçada de extinção", contou.
A nova espécie apresenta um potencial ainda maior para serem cultivadas.
"Da espécie, é muito comum a fixação de nitrogênio. Elas apresentam nódulos nas raízes, que possuem bactérias fixadores de nitrogênio, é importante para os sistemas agrícolas e na alimentação. Essa massa branca adocicada é muito usada na alimentação, da para fazer vários produtos, receitas, doces, sucos, e extremamente importante para os animais silvestres", disse.
A nova espécie foi descoberta no município de Aripuanã — Foto: Reprodução
O nome ingá é de origem indígena e significa embebido, empapado, ensopado e, é uma referência à textura da polpa do fruto, macia e aquosa.
A nova espécie denominada Inga micronectarium ocorre nos estados de Mato Grosso e Pará, na Floresta Amazônica, especificamente na região chamada de Arco do Desmatamento, devido à exploração madeireira seletiva, incêndios florestais e a conversão contínua de áreas naturais em pastagens.
O grupo tem distribuição natural na região Neotropical, que compreende desde o sul do México até o norte da Argentina.
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