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Meio Ambiente
Quinta - 01 de Fevereiro de 2024 às 10:15
Por: Mônica Bergamo/Da Folhapress – São Paulo

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Secom MT
O Pantanal de MT, que teve quase um quarto de sua área destruída pelas queimadas
O Pantanal de MT, que teve quase um quarto de sua área destruída pelas queimadas

Entidades que atuam no Pantanal enviarão aos gabinetes de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) uma carta em que expressam preocupação e afirmam que o bioma poderá sofrer "sérias consequências", a depender do resultado de um julgamento que será retomado pela Corte nos próximos dias.

O documento é encabeçado pelo Instituto SOS Pantanal e apoiado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres e pelo Observatório do Pantanal, que reúne 46 organizações atuantes na região.

Relatada pelo ministro Luiz Fux, a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 42 discute a revisão de um artigo do Código Florestal e a aplicação do conceito de "identidade ecológica" para compensações ambientais.

Em seu voto, que já foi acompanhado por quatro outros magistrados, Fux defendeu que o instrumento de compensação só possa ser aplicado a áreas ecologicamente idênticas.

A ideia é evitar, por exemplo, que uma pessoa que desmatou uma vegetação nativa tente compensá-la plantando em outro bioma distinto.

O mecanismo é reconhecido, mas, segundo as entidades, pode ser desastroso se aplicado ao Pantanal.

Na carta enviada aos ministros, os signatários afirmam que o entendimento, se confirmado, pode tornar o bioma "altamente suscetível ao desmatamento" e gerar uma insegurança jurídica sem precedentes.

O impasse ocorreria uma vez que o próprio Pantanal concentra diferentes vegetações e identidades ecológicas, incluindo trechos de Cerrado e Mata Atlântica.

"Como há a ausência de uma lei específica para a compreensão do conceito de identidade ecológica, sua adoção pode gerar dúvidas jurídicas sobre a validade da compensação ambiental no Pantanal do jeito que ela funciona hoje, colocando o instituto [da compensação ambiental] em xeque nestes locais", afirma o advogado Nauê Bernardo de Azevedo, consultor jurídico do SOS Pantanal.

As entidades pedem que o sistema atual de compensação seja mantido no bioma, afirmando que os critérios já estabelecidos há mais de uma década são objetivos, de fácil aplicação e têm baixo custo. Elas lembram, ainda, que a região é uma das mais eficientes em sua aplicação.

"Pedimos atenção a esta Suprema Corte para os riscos enormes de alterar, após mais de 11 anos, as regras vigentes de uma lei que deve avançar para o bem do meio ambiente do Brasil, ainda mais se valendo de critério abstrato e não existente na literatura", diz a carta.

"Não pretendemos aqui falar de todos os biomas do Brasil, mas rogamos ao Supremo Tribunal Federal: por favor, lembrem do Pantanal", acrescenta, pedindo que a região seja deixada de fora de uma eventual nova regra.

As entidades ainda afirmam que a mudança pode prejudicar produtores rurais comprometidos com a regularização ambiental de suas propriedades.

O tema foi pautado para ser apreciado no plenário virtual do Supremo entre a próxima sexta-feira (2) e o dia 9 de fevereiro.





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