Emanuel mandou ex-Saúde transferir dinheiro a terceiros; extrato Celular de prefeito tinha troca de mensagens com suspeito e mostra transações bancárias a seu pedido
O prefeito Emanuel Pinheiro e o ex-secretário de Saúde Célio Rodrigues
Conversas extraídas do celular do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), apreendido durante busca e apreensão da Operação Capistrum, mostram que ele pediu que o então secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, transferisse R$ 25 mil para terceiros.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a participação de Emanuel como chefe da organização criminosa "fica evidente" por meio dos dados extraídos de seu aparelho celular.
Em especial nas conversas com Célio, na época diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, e com Hércules Castilho, na época coordenador técnico de Farmácia na Secretaria Municipal de Saúde.
Na conversa com Célio - que foi preso em duas ocasiões, pela Polícia Federal e pela Polícia Civil -, no dia 16 de julho de 2021, Emanuel encaminhou para este os dados da pessoa jurídica Comissão Provisória Municipal de Várzea Grande do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), juntamente com os respectivos dados bancários.
"Na sequência, Célio encaminha o comprovante de depósito à conta do partido no valor de R$ 10.000,00 diretamente de sua conta bancária. Após 24 minutos, Célio manda outro comprovante de transferência da conta de Leilson Ventura da Silva no valor de R$ 15.000,00 para o beneficiário indicado pelo prefeito", diz trecho da investigação.
Segundo o MPE, ficou constatado que Leilson era “laranja” da Cervejaria Cuyabana, operada por Célio.
"Ou seja, que Emanuel se utilizava de empresas privadas do comparsa Célio para atender seus próprios compromissos. Isso demonstra total alinhamento entre Emanuel e Célio para, notadamente, o gasto de dinheiro público desviado por Célio para atender interesses pessoais do prefeito", diz trecho da investigação.
Veja prints dos comprovantes:
Líder e articuladores
Além de Emanuel, também foram alvos da decisão três de seus principais subordinados: o assessor-executivo de Governo Gilmar de Souza Cardoso; o ex-secretário de Saúde Célio Rodrigues da Silva; e o ex-adjunto de Saúde Milton Corrêa da Costa.
Os quatro são acusados de integrar uma organização criminosa com objetivo de saquear os cofres da Saúde da Capital. O Naco apontou que ao longo da gestão de Emanuel diversas operações foram deflagradas a fim de desarticular esquemas na Saúde.
O Naco aponta Emanuel como líder da organização criminosa; Gilmar Cardoso atuaria como o articulador operacional e Célio Rodrigues e Milton Correa como articuladores empresariais.
"Destacam que os representados detêm influência no aparato policial estadual e federal, de forma a tentar obter dados sigilosos e até mesmo interferir nas investigações em andamento, o que a torna uma organização criminosa especialmente periculosa, razão pela qual a permanência de Emanuel Pinheiro no cargo põe em risco a eficácia e o resultado concreto da persecução e da ordem pública”, consta em um trecho da decisão.
Uma investigação policial levantou a relação entre os esquemas investigados em operações das quais a gestão Emanuel foi alvo. O relatório, concluído no dia 15 de fevereiro, citou a Operação Sangria, as três fases da Curare, deflagradas pela Polícia Federal, e a Overpriced.
"Após o trabalho foi possível identificar conduta similares, nas quais alguns agentes tinham atuação repetidas em investigação de fatos diferentes, forma de atuação e sustentação política e econômica que dava alicerce à mencionada organização criminosa", diz a decisão.
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