RS: candidato, ex-BBB lamenta preconceito: "sou como qualquer um"
Newton Siqueira ficou famoso por participar do reality show Big Brother Brasil em 2009, da TV Globo. Com a fama adquirida na atração, o gaúcho ganhou um programa na Rede Pampa, e agora disputa um cargo de vereador em Gravataí (RS) pelo PMDB. Cauteloso, Ton - como passou a ser chamado após a saída do reality - teme que pode sofrer preconceito e que o estigma de ex-BBB afete sua carreira política que acaba de começar. "Algumas pessoas não aprenderam a separar as coisas. Ter participado de um programa como o BBB não me torna melhor nem pior do que ninguém. Também tenho sonhos, também erro. Sou ser humano como qualquer um", afirmou, em entrevista ao Terra.
Na época em que foi eliminado da atração, Ton saiu com 72% dos votos. Para ele, a fama melhorou desde então, graças às aparições como apresentador. "A grande maioria que não gostava de mim no BBB hoje me curte muito, pelo menos aqui no Rio Grande do Sul", opinou. Apesar disso, não acha que pode apostar suas fichas na fama televisiva. "Uma campanha apenas em cima do fato de ser famoso é uma campanha perdida, é subestimar o eleitor."
O candidato tem planos grandes para a cidade, especialmente para a saúde, caso seja eleito: creches, postos de saúde, um novo hospital, escolas e saneamento básico, além de dedicação especial aos deficientes físicos. E reforça que a campanha será "limpa". "Meu esforço será mostrar que a política integra, humana, é o meio para essas mudanças", disse.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Na sua opinião, o fato de você ser conhecido pelas participações na televisão ajuda?
Ajuda, mas não é tudo. Uma campanha apenas em cima do fato de ser famoso é uma campanha perdida, é subestimar o eleitor. Sem falar que não combina comigo. Sou um cara que sempre corre com muita vontade atrás do que quer. Quem assiste ao meu programa de TV sabe como sou de verdade. São três horas de programa, de segunda a sexta. Sem edições, como no BBB. E para a minha felicidade, a grande maioria que não gostava de mim no BBB hoje me curte muito, pelo menos aqui no Rio Grande do Sul.
Há um peso por ser ex-BBB? Você acha que pode sofrer preconceito?
Sim, claro. Infelizmente, algumas pessoas não aprenderam a separar as coisas. Ter participado de um programa como o BBB não me torna melhor nem pior do que ninguém. Também tenho sonhos, também erro. A grande verdade, é que sou capaz como qualquer outro. Tenho defeitos sim, e também tenho qualidades. Sou ser humano como qualquer um.
Como será a campanha?
Será uma campanha limpa, justa, sem parceria de outros empresários. Quero trabalhar e respeitar a vontade da maioria da população. Sou um iniciante na vida política, mas sou um cidadão, conheço a realidade das pessoas que moram em lugares que carecem de infraestrutura, de aneamento, de segurança, de espaços culturais. Nasci, morei por 24 anos, e agora retornei há dois anos e meio a um bairro popular de Gravataí, que é a Morada do Vale. Meu esforço será mostrar às pessoas que as transformações são possíveis. E que a política integra, humana, é o meio para essas mudanças.
Caso seja eleito, no que pretende focar?
Um vereador não pode gerar despesas, não é de sua competência constitucional, mas quero defender, junto ao Executivo, projetos para a área da saúde. Há 15 anos que Gravataí não tem grandes investimentos, embora seja a quinta maior economia do Estado (arrecada R$ 400 milhões por ano e investiu apenas R$ 7 milhões em 2011 na área da saúde). O transporte precisa de modernização, conforto e, principalmente, de fiscalização e organização. Na educação, o foco será projetos de inclusão social, também com atenção especial aos deficientes físicos. Tenho um tio que foi criado junto comigo e que tem necessidades especiais. Essas pessoas precisam de acessibilidade universal, respeito e trabalho, pois são iguais ou melhores do que nós.
Já tem ideia de projetos que faria?
Apesar das limitações de ação de um vereador, restrito à fiscalização do Executivo e à elaboração de leis, acho importante defender uma administração comprometida com o social, com a construção de creches, postos de saúde, um novo hospital para Gravataí (aliás, é um dos projetos da nossa coligação), escolas e saneamento básico. Também acho importante ter um projeto de acesso gratuito à internet, com aplicativos informando o horário do ônibos, ou até mesmo para marcar uma consulta em um posto de saúde ou hospital.
Sempre existiu um interesse pela política?
Trabalho em um programa de TV há dois anos e meio aqui no RS, apresentando um quadro sobre atualidades. Sempre fui um inconformado com as realidades injustas com os menos favorecidos. Combati e combato a política corrupta, a política do jeitinho, a má política. Porque isso sempre afetou de forma muito negativa a minha família e amigos. Percebi que, apenas com trabalhos sociais, não iria me satisfazer, que para fazer a diferença eu teria que praticar a política de forma inversa à que sempre combati.
Como decidiu que concorreria à disputa?
Nunca havia pensado em ser um político. Quero fazer uma política diferente da convencional, uma política para as pessoas, mais humana, fraterna, com os pés no chão, nas ruas, conversando com as pessoas, tentando traduzir em ação os anseios dos moradores das comunidademenos assistidas.
Você vai se inspirar em alguém, caso seja eleito?
Não me espelharei em ninguém, farei a minha parte, como a minha avó sempre me ensinou, com respeito, dignidade, integridade e humildade, mas sem abrir mão de lutar pelo que acredito. Claro que vou me amparar na experiência daqueles que estão na política há mais tempo, como é o caso do Marco Alba, um cara experiente, que é deputado estadual, já foi secretário de Estado e agora é o candidato da nossa coligação.
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