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Meio Ambiente
Terça - 01 de Outubro de 2024 às 18:50
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

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De acordo com o Ibama, desde 2021, o território Sararé, em Mato Grosso, já teve mais de 1,9 mil hectares degradados para exploração irregular de ouro.

A Terra Indígena (TI) Sararé, localizada entre os municípios de Conquista D'Oeste e Via Bela da Santíssima Trindade (571 km e 521 km, respectivamente, a Oeste de Cuiabá), vem sendo destruída pelo avanço do garimpo ilegal.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde 2021, o território já teve mais de 1,9 mil hectares degradados para exploração irregular de ouro.

Demarcada em 1985, a reserva Sararé é habitada por vários grupos nambiquaras, sendo uma das mais atingidas pela atividade garimpeira no país, o que tem causado desmatamento desenfreado, desequilíbrio ambiental, poluição dos rios e ameaçando a sobrevivência de um povo e de suas tradições.

De acordo com a plataforma +Brasil, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), entre janeiro e setembro do ano passado, Sararé registrou 1.104 alertas, o que corresponde a 4,79 km² de área destruída.

No mesmo período de 2022, foram registrados 150 alertas, aumento de 636%.

Com 67 mil hectares, a TI dos Nambiquaras também ocupou o segundo lugar no ranking de alertas de garimpo, dentre todas as terras indígenas do Brasil, ficando apenas atrás da área Kayapó (PA), seguida pelas TIs Yanomami (RR) e Munduruku (PA).

Para frear a exploração irregular dos recursos naturais dentro da Sararé, o Ibama, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), tem desencadeado operações e/ou ações de desintrusão, que consistem na retirada de quem não é originário do lugar.

Só na última semana, dois episódios com mortes foram registrados no local.

CONFRONTO E MORTES - Na madrugada do último sábado (28), servidores do Ibama e da PRF foram atacados, durante operação de combate ao garimpo ilegal iniciada na última segunda-feira (23) na área.

Houve confronto e cinco garimpeiros foram baleados e morreram no local.

Os mortos foram identificados pelos nomes de Samuel Jesus Ribeiro, 38 anos; Adevaldo Rodrigues Pego, 53; Elivelton Sales Pinho, 31; Iterlan da Silva Souza, 29; e Wellington Souza Monteiro, 25 anos.

No confronto, nenhum dos agentes e policiais ficaram feridos.

Segundo informações do Ibama, a operação resultou ainda na apreensão de seis armas com os criminosos, sendo um fuzil 556, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas e um revólver, além de munições, miras refletivas e carregadores.

Também foram destruídas 30 escavadeiras (responsáveis pela devastação em larga escala), 22 caminhonetes, dois caminhões, uma pá-carregadeira, seis motos, 25 acampamentos e cinco mil litros de combustível, além de diversos motores e equipamentos.

A operação de combate ao garimpo ilegal na TI é realizada com apoio de três aeronaves.

COMANDO VERMELHO - Antes, na última segunda-feira (23) pelo menos quatro pessoas morreram e uma ficou ferida, numa disputa entre os grupos criminosos que operam garimpos na TI.

Duas vítimas foram identificadas como Fábio Tavares Siriano, 33 anos, e a esposa, Flávia Melo Miranda Soares, 20.

De acordo com a polícia, a chacina teria sido motivada após uma briga dentro do garimpo, por área de exploração.

Uma das linhas de investigação da polícia é que os envolvidos tenham ligação com a organização criminosa Comando Vermelho (CV).

Já dados de 2022 do Ministério Público Federal mostram que o território tem cerca de cinco mil garimpeiros.

Os investigados podem responder por usurpação de bem da União por extrair recursos minerais sem autorização dos órgãos competentes.

Ainda, segundo o Ibama, desde 2023, cerca de 200 escavadeiras foram destruídas na TI Sararé.

A inutilização de produtos e bens usados para a prática de crimes ambientais e apreendidos pela fiscalização é uma medida excepcional, prevista no artigo 111 do decreto 6514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais, e é aplicada nos casos em que é inviável a remoção, o transporte e a guarda dos bens apreendidos, por questões logísticas ou de segurança dos agentes ambientais federais.





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