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Meio Ambiente
Terça - 14 de Janeiro de 2025 às 10:27
Por: Da Reportagem

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Gustavo Figueirôa SOS Pantanal
Mais de 9,6 milhões de hectares podem perder proteção em MT
Mais de 9,6 milhões de hectares podem perder proteção em MT

Já no começo deste ano, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) aprovou um projeto de lei complementar (PLC) que altera os critérios de identificação de biomas para utilização rural. Porém, o texto, que permite que áreas antes classificadas como Amazônia passem a ser identificadas como Cerrado, é considerado um retrocesso por instituições que defendem o desenvolvimento sustentável do Estado.

De acordo com o Observatório Socioambiental do Mato Grosso (Observa-MT), mais de 9,6 milhões de hectares podem perder proteção ou a obrigação de restauração com a medida. O PLC nº 18/2024 recebeu 15 votos favoráveis e oito contrários em sessão realizada no último dia 8 deste mês.

Em nota de repúdio, o Observa-MT afirma que a aprovação da norma pelos deputados mato-grossenses demonstra uma falta de comprometimento com as metas e compromissos ambientais assumidos pelo Estado e reivindica que o Governo de Mato Grosso vete o projeto.

“O PLC visa alterar a classificação da tipologia vegetal para a delimitação das áreas de reserva legal nos imóveis rurais do estado. Isso significa que áreas de tipologia florestal em meio ao bioma Cerrado não seriam mais identificadas como florestas, mudando a reserva legal de imóveis com esse tipo de vegetação de 80 para 35% da área total do imóvel. Essa mudança impacta 9,6 milhões de hectares, mais de 10% do território mato-grossense”, traz a nota publicada na sexta-feira (10).

Conforme informações, o texto original do projeto de lei partiu de uma proposta do governo estadual que tratava sobre o aprimoramento da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utilizada pelo estado para fins ambientais. Contudo, passou por mudanças na Comissão do Meio Ambiente da Assembleia, a partir de um substitutivo apresentado pelo deputado Nininho (PSD).

No documento, o parlamentar justifica que o substitutivo ao projeto de lei “é medida que se impõe, ante a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, nos autos da Ação Declaratória de Constitucionalidade 42 e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4901, 4902, 4903 e 4937 (...)”.

Assim, propõe-se “um arranjo sustentável que garanta a segurança jurídica aos produtores na regularização de suas áreas, bem como aos técnicos e servidores públicos ambientais para assinarem estudos e projetos de classificação vegetal de agora em diante em Mato Grosso”.

Entretanto, o Observa-MT destaca que com base no monitoramento feito pelas instituições é nítido que houve uma manipulação da proposta durante o seu processo. “(...) Nossa indignação surgiu diante do substituto nº 6, que entrou em pauta já sugerindo que fosse alterada a classificação da tipologia da Floresta Amazônica para Cerrado. A maneira como o processo ocorreu só nos leva a entender que a única intenção do projeto é flexibilizar as leis e possibilitar o aumento do desmatamento. Um retrocesso legislativo e ambiental que só colocaria Mato Grosso nos piores cenários e na contramão do avanço em prol da sustentabilidade”, pontuou a consultora jurídica do Observa-MT, Edilene do Amaral.

O Observatório avalia ainda que o desmonte acontece em um contexto de agravamento da crise climática, sendo que em 2023, Mato Grosso foi o segundo estado com maior emissão bruta de gases de efeito estufa, respondendo por 11,4% das emissões totais do Brasil.

Já dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o Estado teve 1.271,03 km² desmatados no ano passado (21.85% do total na Amazônia Legal), valor inferior apenas ao registrado no Pará. O monitoramento mostra ainda que Mato Grosso foi o segundo estado com mais focos de calor no país no ano passado. Foram 50.551 casos (18,2% do total), contra 56.070 registrados no Pará (20,1%).

O Observa-MT é uma rede composta por organizações, como a Operação Amazônia Nativa (Opan), pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT).





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