Centro-Oeste amplia geração de resíduos e enfrenta desafios para eliminar lixões A região responde por 7,7% de todos os resíduos gerados no Brasil, índice compatível com sua participação populacional, mas que evidencia desafios na gestão, especialmente em municípios médios e pequenos.
O Centro-Oeste produziu 6,19 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) em 2023 e reforça seu papel como uma das regiões que mais cresceram em volume de lixo no país. Os dados constam no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), e incluem informações referentes a Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
A região responde por 7,7% de todos os resíduos gerados no Brasil, índice compatível com sua participação populacional, mas que evidencia desafios na gestão, especialmente em municípios médios e pequenos. A média per capita é de 1,007 kg de lixo por habitante/dia, volume acima do registrado em 2022 e superior ao de regiões como Nordeste e Norte.
Geração de lixo cresce no Centro-Oeste e pressão sobre aterros aumenta. – Foto: Prefeitura de Cuiabá.Coleta avança, mas destinação ainda preocupa
O Centro-Oeste apresenta um dos melhores desempenhos nacionais em coleta: 95,2% de todo o resíduo gerado é recolhido, um patamar comparável ao observado no Sul e no Sudeste. Isso significa que, de modo geral, os estados da região possuem cobertura satisfatória de serviços urbanos.
O principal gargalo, no entanto, está na etapa seguinte. Apenas 56,2% do RSU coletado recebe destinação ambientalmente adequada, como aterros sanitários licenciados. Os outros 43,8% vão para aterros controlados, lixões ou áreas inadequadas, expondo a população e o meio ambiente a riscos sanitários.
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Desigualdades internas entre os estados
Embora o relatório apresente dados agregados, os padrões identificados refletem realidades distintas:
- Goiás concentra grande parte dos municípios de pequeno porte, onde a dificuldade de financiar aterros sanitários ainda é expressiva.
- Distrito Federal possui os maiores índices de destinação correta da região, após o fechamento do lixão da Estrutural.
- Mato Grosso enfrenta desafios logísticos devido às longas distâncias e à forte expansão urbana de cidades como Cuiabá, Sinop e Rondonópolis.
- Mato Grosso do Sul mantém bons indicadores de coleta, mas tem regiões interiores que ainda recorrem a aterros controlados.
O panorama reforça que os quatro estados avançam, mas em ritmos diferentes, especialmente na transição para estruturas mais modernas e sustentáveis de gerenciamento de resíduos.
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Gastos públicos e empregos no setor
A gestão de resíduos sólidos movimentou R$ 2,43 bilhões no Centro-Oeste em 2023. Em média, os estados da região gastaram R$ 12,03 por habitante ao mês com coleta, transporte e destinação final. O custo tende a ser maior em áreas urbanas dispersas, como no Mato Grosso, e menor em regiões compactas, como no Distrito Federal.
O setor também é importante gerador de empregos: foram registrados 32.076 postos formais, sendo 29.557 diretamente ligados à operação da coleta e tratamento do lixo. Esse número reflete a necessidade crescente de mão de obra especializada e reforça o peso econômico do serviço.
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Construção civil e resíduos especiais
Os resíduos da construção civil (RCD) atingiram 5,22 milhões de toneladas na região, indicador elevado que acompanha o ritmo acelerado de obras em cidades como Goiânia, Brasília, Cuiabá e Campo Grande.
No caso de resíduos de saúde, o levantamento não detalha números específicos por estado, mas destaca que o Centro-Oeste segue tendência nacional: geração crescente e necessidade de ampliação de sistemas de tratamento e logística reversa.
No CPA IV, o serviço não acontece há 15 dias e tem se acumulado em frente à Escola Estadual Professora Maria Herminia Alves. (Foto: Reprodução)Desafios comuns aos quatro estados
O relatório evidencia que a região enfrenta obstáculos semelhantes:
- dificuldade de encerrar lixões definitivamente;
- necessidade de ampliar aterros sanitários e instalações de triagem;
- alto custo operacional para municípios pequenos;
- baixa taxa de reciclagem, ainda dependente de catadores;
- urgência em implementar políticas de logística reversa de forma mais efetiva.
Diante disso, o estudo mostra que, apesar dos avanços na coleta, o Centro-Oeste precisa acelerar a modernização da infraestrutura de destinação final e ampliar alternativas de reaproveitamento, garantindo sustentabilidade a longo prazo.

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