Com mais eleitores que habitantes, União Paulista, no interior de São Paulo, está na mira do Ministério Público Eleitoral (MPE) e da Polícia Federal (PF), que investigam a existência de um suposto esquema de fraude praticada com a transferência em massa de eleitores de outras regiões para aquela localidade. O município possui população de 1,6 mil pessoas, mas conta com 2,1 mil eleitores. Centenas de eleitores estariam em situação irregular e numa checagem preliminar, a Justiça Eleitoral já cassou os títulos de 94 pessoas, que forneceram endereços falsos e agora, com o cancelamento de seus títulos, estão impedidas de votar nas próximas eleições.
A suspeita é de que candidatos tenham usado cortadores de cana - que são trazidos para trabalhar nas usinas do interior de São Paulo - para votar na cidade. O promotor eleitoral André Luiz Nogueira Cunha, conta que a situação começou a ser descoberta entre abril e maio, quando um cartório de União Paulista começou a receber um grande volume de eleitores solicitando transferência de seus títulos. "Fizemos uma lista com alguns nomes e pedimos para a Polícia Civil da cidade fazer a constatação dos endereços", relata.
Ao fazer a checagem, a Polícia Civil constatou que a grande maioria de 190 eleitores da lista tinha fornecido endereços falsos para fazer a transferência do título para a cidade. "Noventa e quatro eleitores tiveram seus títulos cancelados porque não tinham qualquer relação com o município", continua Cunha. O promotor explica que para fazer a transferência é necessário que o eleitor apresente um atestado de residência ou comprove alguma ligação de parentesco ou moradia com o município, mas que este não é o caso em União Paulista. Os endereços fornecidos não tinham qualquer ligação os eleitores, eram de casas vazias, de bares ou mesmo de locais onde os moradores não os conheciam.
Curiosamente, assim que começou a investigar o caso, tanto políticos da situação como da oposição enviaram representações ao Ministério Público pedindo a apuração das transferências. Ao constatar o problema, o promotor pediu abertura de dois inquéritos na Polícia Federal: um para investigar uma nova lista, com centenas de nomes de eleitores suspeitos de terem fornecidos endereços falsos e outro, para apurar a existência de fraude e tentar encontrar possíveis políticos e candidatos envolvidos com o esquema. Os dois casos estão em andamento.
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