Terminou em troca de acusações a sessão desta quarta-feira (27) da Câmara dos Deputados, na qual estavam pautados para votação o projeto que altera o sistema de partilha dos royalties do pré-sal e a proposta de redução da carga horária semanal dos enfermeiros. Quando anunciava o encerramento da sessão, por falta de quórum, o presidente da Câmara, Marco Maia, foi criticado no plenário pelo deputado Mendonça Prado (DEM-SE).
“O senhor quer prejudicar os enfermeiros adiando a sessão”, afirmou Prado. Enfermeiros presentes à sessão apoiaram a fala do deputado com gritos e palmas. Marco Maia se irritou com a acusação e chamou Mendonça Prado de “desqualificado”.
“Não vou permitir que Vossa Excelência faça esse tipo de discurso. Vossa Excelência é um desqualificado! Quem colocou esse projeto em pauta foi este deputado, e Vossa Excelência não me procurou nem por um minuto. Vossa Excelência está fazendo proselitismo!”, afirmou Maia aos gritos.
A sessão foi encerrada logo em seguida. Após a discussão, Maia minimizou a dificuldade em aprovar as duas matérias polêmicas, colocadas na pauta por ele. “É normal e natural que você tenha matérias que tenha pedidos para colocar em votação e quando chega no plenário não há acerto, não há ajustes”, afirmou.
A sessão desta terça foi tumultuada, com interrupção provocada pela barulhenta manifestação de enfermeiros que acompanhavam a votação. Da galeria do plenário, os manifestantes chegaram a interromper a reunião por alguns minutos, com gritos em protesto ao baixo quórum.
O governo, que possui maioria na Câmara, não tinha interesse em votar nesta terça o projeto que altera a partilhas dos royalties e o que reduzia para 30 horas a carga semanal dos enfermeiros. Por isso, orientou a bancada a não registrar voto, para inviabilizar a votação por falta de quórum.
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou, após a sessão, que Maia colocou em votação “por conta própria” matérias que não tinham consenso entre os parlamentares. “Na reunião de líderes eu apresentei seis sugestões. Nenhuma delas era royalties e carga horária de enfermeiros. Busquei matérias com consenso. Marco Maia acrescentou três projetos na pauta. Ele quis transformar em consenso o que nunca foi consenso”, disse.
Após dar esta declaração, Chinaglia minimizou o fato dizendo que o presidente da Câmara “não é turrão”. “Tenho o dever de falar a verdade para que o Marco Maia não fique com fama de turrão. Ele me disse que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tinha falado que o governo não era contra o projeto dos enfermeiros. E o Marco Maia tinha assumido o compromisso de votar os royalties, por isso colocou em votação”, afirmou.
Marco Maia negou que esteja contrariando os interesses do governo, mas destacou que o Legislativo tem “autonomia” para colocar qualquer projeto em votação. “Toda vez que se vota tema de debate acalorado a primeira coisa que vem é: "estamos querendo enfrentar o Planalto". Nós temos autonomia, somos um poder da República, votar projeto que não é de interesse do governo faz parte. “
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