O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse na noite desta segunda-feira (18) que irá conversar com a deputada federal Luiza Erundina (PSB) sobre as declarações dela de uma eventual desistência da candidatura de vice na chapa. Em entrevista ao jornal “O Globo”, ela disse que “não aceita” o apoio de Paulo Maluf (PP), anunciado nesta manhã em encontro na capital paulista. “É uma situação muito constrangedora. Tenho que rever essa situação. Vou conversar com o meu partido. Meu partido tem outros nomes, não tem problema nenhum”, disse ela ao jornal.
Haddad comentou a declaração na noite desta segunda-feira. “Estamos procurando alianças com partidos da base de sustentação do governo Dilma. Fazemos alianças com partidos, não com pessoas. Estamos procurando os partidos sem restrição ou veto para trabalhar em cima do nosso projeto político para São Paulo. Vou procurar a Erundina para conversar. O que eu quero agora é ouvir as respostas dela, quero ouvi-la pessoalmente e confortá-la”, disse ele ao G1 após a gravação de um programa de TV. "Eu tenho o maior apreço pela companheira Erundina. As perspectivas estão colocadas. Ela [Erundina] é uma pessoa admirada, adorada dentro do PT, no PSB, muito prestigiada. Então vamos conversar pessoalmente", completou.
O deputado federal Paulo Maluf realizou encontro nesta segunda-feira (18) para oficializar a adesão do Partido Progressista (PP) à chapa do pré-candidato Fernando Haddad (PT). Tanto o candidato petista quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram do encontro, que começou por volta das 13h e durou cerca de 30 minutos. O evento foi realizado na residência de Maluf, no Jardim Europa, região nobre da capital paulista.
Haddad afirmou ainda que irá submeter as preocupações com a aliança à coordenação da campanha. "Algumas pessoas manifestaram preocupação com essa aliança [com Maluf]. Vou submeter essa preocupação à coordenação da campanha. Desde janeiro que o Conselho Político [da campanha] deixou claro que iria buscar apoio em todos os partidos da base aliada."
Diretório municipal
O presidente do diretório municipal do PSB em São Paulo, Eliseu Gabriel, afirmou que o partido não vai recuar da decisão de apoiar o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. "O PSB não vai desistir. Não sei as razões que a levaram a esta decisão. Precisamos ainda conversar. Vamos avaliar o que fazer. O apoio a Haddad é uma decisão política que nós tomamos", disse.
"Acho que a Erundina é insubstituível. É difícil arrumar outro nome à altura dela. Está havendo intensa mobilização para falar com a Erundina. É provável que amanhã [terça-feira] tenhamos uma decisão." O presidente do diretório municipal disse, por volta das 20h, que ainda não havia conversado com Erundina.
"Ainda não tive contato com ela. A gente espera fazer isso até amanhã. Não se sabe se é uma manifestação emocional. Falei com o presidente estadual e com o primeiro-secretário nacional. Tentei entrar em contato com ela. Ainda não tenho a menor ideia de com vai ser. Como a direção nacional está em Brasília, provavelmente eles se encontrem com ela", afirmou.
Gabriel afirma que em sua avaliação a aliança entre o PT e o PP não vai além do tempo de televisão. "Essa aliança foi feita do PT como PP. Imagino que seja tempo de exposição do candidato. Não imagino que seja uma aliança que vá além de uma coisa circunstancial, de profundidade programática", afirmou.
Repercussão
Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a reação de Luiza Erundina é compreensível. "Ao longo de nossa história em comum, em geral tivemos diferenças muito fortes com Paulo Maluf", disse ele, que está no Rio de Janeiro para participar da conferência Rio+20.
"É uma perda grande" se Erundina deixar a candidatura à vice na chapa de Haddad, na avaliação do senador. "Acho que o Fernando Haddad precisa ter um diálogo de profundidade com a Luiza Erundina, até por uma questão de respeito a tudo o que ela representa e o que ela falou na cerimônia em que ambos selaram o entendimento", disse Suplicy.
"Para ela ser candidata à vice [de Haddad], precisa haver uma relação de total abertura, conhecimento e confiança no candidato a prefeito", ponderou o senador.
Suplicy também criticou a aliança de seu partido com Maluf. "Dependendo dos termos em que foram feitos a aliança, ela pode ter um efeito não saudável para o PT, para a nossa história", ressaltou. "Soa estranho para mim [essa aliança], sinceramente soa estranho."
O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse que o partido está com Haddad independente da aliança com o PP, partido de Maluf. "O candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo é Fernando Haddad, e a vaga de vice é do PSB", afirmou, por meio de sua assessoria. O G1 apurou que o PSB sabia da irritação de Erundina com o apoio de Maluf, e que não foi surpresa que ela anunciasse a intenção de deixar a vaga na chapa do PT. (Marcelo Mora, Roney Domingos e Rafael Sampaio)
Comentários