O ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi solto na madrugada deste sábado (9), beneficiado pela decisão da juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília, que revogou a prisão preventiva do executivo nesta sexta-feira (8). Ele deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, pouco depois das 2h, informou seu advogado, Fabrício Correia de Aquino.
Suspeito de corrupção e formação de quadrilha, Abreu foi preso no dia 25 de abril, durante a Operação Saint-Michel, executada pela Polícia Civil do Distrito Federal.
A ordem de soltura chegou à noite ao presídio da Papuda, levada por um oficial de Justiça. Abreu não passou pelo Instituto Médico-Legal (IML). Segundo seu advogado, o ex-diretor da Delta optou pela assinatura de um termo de que está em perfeitas condições físicas.
Fabrício Aquino disse que Claudio Abreu se hospedaria em casa de familiares em Brasília e que só depois de cumprir determinações da Justiça ele poderia viajar para Goiás.
A operação Saint-Michel, realizada em parceria entre o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil do Distrito Federal, foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), que resultou na prisão, por exploração de jogo ilegal em Goiás, do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Cachoeira é alvo de CPI no Congresso Nacional que investiga as relações dele com políticos e empresários. A Polícia Federal apontou conexões entre Abreu, a Delta e o grupo de Cachoeira. Segundo a PF, o ex-diretor era um dos operadores do esquema do bicheiro no Centro-Oeste.
No último dia 30 de maio, convocado para prestar depoimento, Cláudio Abreu compareceu à CPI, mas usou do direito constitucional de ficar calado e não respondeu a perguntas dos parlamentares.
Na decisão desta sexta, a juíza revogou a prisão preventiva, mas determinou que Abreu entregue o passaporte, compareça perante o juízo todos os meses, entre os dias 10 e 15, e não mantenha qualquer tipo de contato com os demais réus ou outras pessoas mencionadas na denúncia da Operação Saint-Michel.
A defesa de Abreu pediu à Justiça a revogação da prisão sob o argumento de que “não se fazem presentes os pressupostos da prisão cautelar, sendo o requerente merecedor do benefício de responder ao processo em liberdade uma vez que é primário e possui endereço fixo”.
Segundo os advogados do ex-diretor da Delta, “não consta nas interceptações telefônicas qualquer gravação com sua voz, não havendo quaisquer indícios de sua participação nos crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha”.
O MP havia se manifestado contrário ao pedido de liberdade feito pela defesa, mas, para a juíza, ele não representa risco à ordem pública “visto que não é mais diretor da empresa Delta e, ainda que fosse, os crimes que lhe foram imputados são de conhecimento nacional, de maneira que dificilmente conseguiria praticar novas condutas semelhantes”.
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