O deputado Paulo Teixeira (SP), ex-líder do PT na Câmara, foi escolhido nesta terça-feira para ocupar a vice-presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira sob protestos da oposição, que queria que um dos seus membros fosse escolhido pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Atendendo à reivindicação da oposição, Vital do Rêgo abriu a possibilidade de inscrição de outro candidato, indicado pelo DEM e pelo PSDB. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), por exemplo, disse que não era justo a CPI mista ser comandada apenas parlamentares da base aliada do governo e indicou o senador Pedro Taques (PDT-MT) para concorrer com Teixeira.
Contudo, o pedetista perdeu por oito votos a 21 para o petista. Dois parlamentares anularam seu voto. A escolha do vice-presidente ocorre depois de mais de um mês de funcionamento da comissão.
Ainda nesta terça, a CPI deve analisar requerimentos de quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal da construtora Delta em nível nacional e do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Também há disposição dos parlamentares para votação de requerimentos que convoquem os governadores Perillo, Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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