Revista disse que Lula pressionou ministro do STF por ter controle da CPI.
Convocar Lula "foge do foco" da CPI, diz presidente da comissão
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI do Cachoeira, que investiga o elo entre o bicheiro Carlos Augusto Ramos com políticos e empresários, afirmou nesta segunda (28) que uma eventual convocação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva "foge do foco" da comissão.
Parlamentares de oposição cogitaram um pedido de convocação de Lula em razão de reportagem da revista "Veja". De acordo com a publicação, o ex-presidente teria feito pressão sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes para adiar o julgamento do mensalão em troca de "proteção" nas investigações da CPI do Cachoeira. Lula teria dito ao ministro que tem o "controle" da CPI, segundo a publicação.
Na tarde desta segunda, senadores da base aliada e da oposição debateram o caso. A oposição protocolou na Procuradoria-Geral da República pedido de investigação de Lula.
"Todas as histórias que podem tirar o foco da CPI, não nos privamos de discutir, mas sempre coloco a CPI no foco. [Chamar o Lula] foge do foco", afirmou Vital do Rêgo.
O presidente da CPI negou ainda que o ex-presidente exerça algum tipo de influência dentro da comissão. Nesta segunda, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que Lula tentou estabelecer "um cerco sobre o STF e à CPI". "Ninguém controla a CPI. Só eu", afirmou Vital do Rêgo.
À revista, Mendes disse que ficou "perplexo" com as insinuações "despropositadas" do ex-presidente. O ex-ministro do STF, Nelson Jobim, anfitrião do encontro, negou que Lula tenha feito pressão. O Instituto Lula divulgou nota na qual o ex-presidente afirma que é "inverídica" a versão da revista sobre o episódio.
Delta
Segundo o presidente da CPI, na reunião administrativa desta terça-feira (29), a comissão deve votar a quebra o sigilo das contas nacionais da construtora Delta.
As investigações da Polícia Federal mostram que a empresa Alberto & Pantoja Construções recebeu R$ 26 milhões da Delta nacional. A empresa funcionaria numa oficina mecânica, numa cidade perto de Brasília.
Os parlamentares cobram a quebra de sigilo da empresa em razão de evidências de que a empresa tenha repassado milhões a empresas de fachada que abasteceram a quadrilha de Cachoeira.
Na conta da Brava Contruções, que, segundo a polícia, também é uma empresa de fachada que serviria ao esquema de Carlinhos Cachoeira, a Delta nacional depositou pouco mais de R$ 13 milhões.
“Vamos iniciar a reunião com a pauta aberta, com todos os requerimentos prontos para votação. Teoricamente, pode começar pelo requerimento da Delta”, afirmou Vital.
Governadores
A discussão na CPI sobre a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também será retomada nesta terça, segundo Vital.
De acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira em fevereiro, auxiliares dos governadores de Perillo e Agnelo são citados em conversas telefônicas com integrantes da quadrilha do contraventor. Já o governador do Rio, Sérgio Cabral, aparece em fotos ao lado do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, durante uma viagem a Paris.
De acordo com Vital do Rêgo, os requerimentos de cada governador serão votados em separado.
Sigilos
Ainda de acordo com o presidente da CPI, a partir desta quarta serão disponibilizados aos parlamentares que integram a comissão os dados bancários do bicheiro. Nesta terça, também devem chegar à comissão 51 dados fiscais e bancários de pessoas envolvidas com a organização criminosa.
Vital do Rêgo também afirmou que os integrantes da comissão terão acesso a movimentações “atípicas” enviadas pelo Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf). De acordo com o presidente da CPI, os parlamentares receberão uma espécie de “chave” para poder realizar a verificação dos dados.
Comentários