Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sábado - 12 de Maio de 2012 às 02:36

    Imprimir


O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, saiu em defesa, nesta sexta-feira, dos ministros Gilmar Mendes, Antonio Dias Toffoli e Luiz Fux. Os três estão entre as 82 pessoas citadas nos grampos telefônicos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. "Eu acho que nenhum ministro do STF teme absolutamente nada, mas aguardemos os fatos", disse Britto, nesta tarde, pouco antes de palestrar em um evento sobre gestão pública.

 

O suposto envolvimento de ministros do STF e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos fatos ligados a Cachoeira já havia sido negado na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Por meio de nota, ele afirmou que "matérias que afirmam o contrário são mentirosas e irresponsáveis, servindo apenas para tumultuar investigações de fatos extremamente graves que a sociedade brasileira deseja ver cabalmente apurados".

Parlamentares insatisfeitos com o desempenho do procurador-geral, no entanto, querem convocá-lo para explicar porque não tomou nenhuma atitude em 2009, quando recebeu os resultados da Operação Vegas, da Polícia Federal. Ela antecedeu a Operação Monte Carlo nas apurações sobre Cachoeira e já trazia informações sobre o envolvimento do bicheiro com membros do Legislativo. Gurgel alega que, na época, não tinha elementos suficientes para incriminar os envolvidos. O procurador também disse que não pode participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira porque isso impediria seu trabalho nas investigações, já que iria depor na condição de testemunha.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/52172/visualizar/