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Nacional
Terça - 03 de Abril de 2012 às 15:00

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Um projeto de lei do Senado, que propõe a proibição total da pesca profissional e amadora durante cinco anos no Pantanal dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tem preocupado pescadores e empresários. A moratória da pesca, proposta pelo senador Blairo Maggi (PR-MT), busca estimular o repovoamento natural dos rios.

“Sei que é um tema polêmico. Milhares de pessoas vivem da pesca e outras milhares também desejam que os rios do Pantanal sejam repovoados. Isso poderia ser feito de forma natural, com uma suspensão da pesca por algum tempo”, explicou o autor do projeto.

Para o secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura, Eloy de Souza Araújo, ainda é preciso estudar com mais profundidade a proposta do senador. “Precisamos definir se a quantidade de biomassa que está sendo retirada do Pantanal consegue ser reposta naturalmente, ou se há a necessidade dessa possível moratória. No momento atual, eu diria que precisamos de mais informações técnicas científicas para analisar melhor a decisão”, pontuou o representante do ministério.

Prejuízos
Segundo os empresários e pescadores que vivem da pesca, a aprovação da lei pode causar um grande prejuízo econômico. “Nós temos quase 10 mil pescadores profissionais e 10 mil famílias que serão prejudicadas”, relatou o presidente da Federação de Pescadores-MT, Lindenberg Gomes de Lima.

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“Existem muitas empresas que vivem da pesca em chalanas e pousadas no Pantanal. E se realmente for dada a moratória por cinco anos, essas empresas vão deixar de existir e fechar”, declarou o presidente da Associação Brasileira de Agencias de Viagens de Mato Grosso, Nilson Marques de Freitas.

Medida pode não ser eficaz
Já para a bióloga do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Lúcia Mateus, acredita que não é possível garantir que em cinco anos a população de peixes seja renovada.

“Nossas espécies têm longevidade maior. Se formos pensar que algumas espécies comerciais, como o Pacú e o Pintado, fossem começar a se reproduzir no segundo ou terceiro ano de vida, não daria tempo de uma segunda reprodução nesse período”, esclareceu.

Para a profissional, as medidas deveriam ser mais radiciais para que os problemas no ecossistema pantaneiro fossem resolvidos. “A moratória do desmatamento, a moratória do lançamento de esgoto in natura nos rios. Essas medidas seriam mais efetivas do que proibir a pesca”, afirmou a bióloga.

Na próxima semana, uma audiência em Campo Grande (MS) vai reunir representantes da pesca e do turismo dos dois estados para discutir o projeto. Outras audiências também serão feitas no Senado.






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